CARNAVAL 2024 » Os embalos de sábado da manhã e noite Galo da Madrugada e Homem da Meia-Noite são os dois gigantes que dominam as atenções no Sábado de Zé Pereira no Recife e em Olinda

Aimé Kyrillos

Publicação: 10/02/2024 03:00

Entre diversas manifestações culturais, Pernambuco tem dois gigantes da folia. O Galo da Madrugada, no Recife; e o Homem da Meia-Noite, em Olinda. Quem sai de casa no Sábado de Zé Pereira para brincar, curte, se emociona e entra na história dessas agremiações. Mas muita gente nem sabe como tudo começou. Por isso, é bom lembrar que eles nem sempre foram tão grandes e passaram a fazer parte do cenário da folia aos pouquinhos.

RECIFE, 1978
O Galo da Madrugada foi idealizado numa reunião familiar em 1978. Os primeiros componentes tinham por objetivo resgatar o Carnaval de rua do Recife. Na época, a festa da capital pernambucana resumia-se, praticamente, aos eventos de clubes, como Português, Internacional, Sport e Náutico. No dia 4 de fevereiro daquele mesmo ano, com 75 integrantes, o Clube de Máscaras Galo da Madrugada foi às ruas pela primeira vez. No ano seguinte, inaugurando o seu estandarte oficial, a agremiação já reunia mais de 300 foliões nas ruas do Bairro de São José e de outras áreas do Centro da cidade.

A cada novo carnaval, os números de brincantes mais que dobravam. Com isso, começaram a ocorrer as primeiras mudanças no desfile, como, por exemplo, a quantidade de orquestras no chão e, posteriormente, a utilização de caminhões para apresentação dos músicos. Em 1984, veio outra grande virada de chave no Galo, que foi a chegada dos trios elétricos.

No fim daquela década, já se estimava um número de brincantes na casa das centenas de milhares. Já no início da década de 1990, falava-se que o Galo da Madrugada atingira a marca de um milhão de foliões, o que rendeu à agremiação, em 1994, o reconhecimento do Guinness Book (O Livro dos Recordes).

Em comemoração ao título, a Prefeitura do Recife instalou, no carnaval do ano seguinte, uma escultura gigante do Galo, com 23 metros de altura e três toneladas, no Rio Capibaribe. Em 1996, o monumento passou a ocupar a Ponte Duarte Coelho, tradição que se mantém até hoje.

Atualmente, a peça, com cinco metros a mais de altura e pesando quase três vezes mais em relação à pioneira de quase três décadas atrás, é assinada pelo artista plástico Leopoldo Nóbrega.

Em 2009, no desfile que homenageou o idealizador e fundador do bloco, Enéas Freire, falecido em junho de 2008, aos 86 anos, o Galo da Madrugada alcançou um novo recorde de público: 2 milhões de foliões.

Em 2011, a agremiação passou por uma grande mudança no seu percurso: A Rua da Concórdia foi substituída pela Avenida Dantas Barreto. No ano passado, o maior bloco do mundo reuniu mais de 2,5 milhões de foliões, distribuídos nos cerca de 6,5 quilômetros  de percurso.

REI DO BREGA
Este ano, o Galo da Madrugada vai homenagear o Rei Reginaldo Rossi, ícone do Brega pernambucano que, se estivesse vivo, completaria 80 anos.

Com o tema “Reginaldo Rossi no Reinado do Frevo”, o 45º desfile do maior bloco do mundo acontece neste sábado, a partir das 9h.

OLINDA, 1932
Na história do Homem da Meia-Noite, existem duas versões para o surgimento do calunga. A primeira delas conta que Luciano Anacleto assistiu ao filme “O Ladrão da Meia-Noite”, que mostrava um homem que saia de trás de um relógio, sempre à meia-noite. O que chamou sua atenção e assim veio a ideia de criar o clube.

A outra versão conta que Benedito Bernardino, ao sentar, nas noites de sábado, nas ruas de Bonsucesso, sempre via passar um homem elegante, de chapéu preto e dente de ouro sempre perto da meia-noite. Ele descobriu que aquela figura pulava as janelas de donzelas de Olinda sempre escondido.

E foi assim que surgiu a ideia de homenagear o Don Juan das ladeiras. Uma história que se mistura ao misticismo do maracatu, do candomblé e da cultura afro.

Independente da história, O Homem da Meia-Noite surgiu da vontade de seis homens negros que decidiram levar alegria para milhares de pessoas pelas ruas e ladeiras de uma Olinda dos anos 1930. O seu primeiro calunga foi criado em 1932, e até hoje encanta os foliões.

ORIGINÁRIOS
Os povos originários serão os grandes homenageados do Clube de Alegoria e Crítica O Homem da Meia-Noite no carnaval de 2024. O gigante vai reverenciar os povos originários do interior de Pernambuco com os Xucurus de Orubá de Pesqueira, no Agreste.

No Recife, o gigante foi buscar o Caboclinho 7 Flexas, uma das mais belas e tradicionais expressões do Carnaval de Pernambuco.

Numa mistura de sons do baque do caboclinho, da pisada e do ritmo indígena, vem o terceiro homenageado do calunga: Marrom Brasileiro, que encantou os pernambucanos e o Brasil com músicas como “Deusa de Itamaracá” e “Galera do Brasil”.