King Kong selvagem como nunca
Novo filme protagonizado pelo gorila mais famoso da cultura pop se desenrola a partir de embate entre a fera e exploradores de uma ilha remota
BRENO PESSOA
edviver@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 09/03/2017 03:00
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Dirigido por Jordan Vogt-Roberts, longa-metragem mostra o macaco na juventude, com 30 metros de altura. Exploradores detonam explosivos na Ilha da Caveira |
Sejamos sinceros: quando assistimos a Kong: A Ilha da Caveira, estamos, essencialmente, em busca de ação protagonizada por um gorila gigantesco. Claro, os filmes do macaco mais pop de todos os tempos suscitam questionamentos sobre a ambição humana, mas a diversão e grandiosidade visual sempre estiveram em primeiro plano, desde a estreia da franquia nos cinemas, em 1933. Não é diferente nesta nova versão, em cartaz a partir de hoje.
Dirigido pelo pouco conhecido Jordan Vogt-Roberts, de carreira sobretudo televisiva, o novo filme não é revolucionário na história, mas é renovador na execução. Como em boa parte dos longas anteriores, o drama inicia com expedição de exploradores ao habitat do gorila. A missão, liderada por uma organização secreta chamada Monarch, leva cientistas e militares para uma - até então - desconhecida ilha do Pacífico, em 1971. Enquanto a história original tem como ápice dramático a captura e consequente fuga do gorila em Nova York, onde se tem as clássicas passagem da criatura nos topos do Empire State Building (1933) e no World Trade Center (1973), aqui a ação transcorre inteiramente na Ilha da Caveira.
A escolha traz novos ares para a trama e evita a sensação de déjà vu, além de abrir espaço para outras seres fantásticos brilharem em cena. Espécie de guardião da ilha, Kong é o último da sua linhagem e responsável por trazer ordem, afastando a recorrente ameaça de monstruosos lagartos que habitam o local. Adormecidas, as criaturas despertam quando os exploradores detonam explosivos para mapear o solo da região, causando a fúria do gorila que é atacado pelos militares.
Enquanto uma parte do grupo tenta escapar da ilha, o coronel Preston Packard (Samuel L. Jackson), recém-saído do Vietnã, busca vingança contra Kong, responsável por algumas das baixas entre os militares. Despropositada e cruel, a investida contra o animal resgata um dos elementos-chave da franquia: a habitual arrogância humana diante da natureza. Os grandes vilões do longa acabam não sendo os ameaçadores répteis, mas os próprios humanos.
Do lado dos mocinhos, o ex-soldado James Conrad (Tom Hiddleston) funciona como bom contraponto ao veterano vivido por Jackson. Brie Larson, que interpreta a fotógrafa Mason Weaver, escapa da recorrente figura feminina que encanta o gorila e entrega uma personagem corajosa e digna. John C. Reilly, como tenente Marlow, transcende a função de alívio cômico e é eficiente em momentos mais sérios e tensos.
Ação, música e diversão
Na camada mais superficial, os filmes de King Kong são uma desculpa para colocar em tela um gorila gigantesco causando destruição e, eventualmente, enfrentando outras criaturas igualmente imensas.
Kong: A ilha da caveira não renega esse aspecto e oferece um divertido e impressionante espetáculo de efeitos visuais para os fãs de filmes de monstro. Imponente, o gorila rouba a cena em todas as passagens e faz valer o investimento de se ver o filme em uma tela grande, como as das salas Imax. Cheias de referências, algumas cenas do filme remetem a títulos tão variados quanto Apocalypse Now, Predador, Platoon e a animação japonesa Princesa Mononoke, esta última referência para o visual de algumas das criaturas.
Outra forte inspiração oriental no design são os monstros dos tokusatsus, produções japonesas como Godzilla e Ultraman. Completando o clima pop, o filme é embalado por uma agradável trilha sonora setentista que vai desde David Bowie (Ziggy stardust) e Black Sabbath (Paranoid), passando por The Chambers Brothers (Time has come today), Creedence Clearwater Revival (Bad moon rising) e The Stooges (Down on the street), até Jorge Ben (Brother).
Os altos e baixos
Desde a estreia nas telas, o gorila chama a atenção pelo tamanho, que variou no decorrer das décadas, passando de grande para gigantesco
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King Kong (1933) | King Kong (1962) | King Kong (1976) | King Kong 2 (1986) | King Kong (2005) | Kong: A ilha da caveira (2017) |
King Kong (1933)
7,3 metros
Hoje em dia, é quase modesta a altura da primeira versão de Kong. De todo jeito, o filme foi um marco por conta do uso avançado e, realístico para a época, das técnicas de stop motion.
King Kong (1962)
49,3 metros
O maior King Kong já visto entrou em cena neste filme japonês com outro igualmente famoso monstro do cinema, Godzilla. A dobradinha, aliás, vai se repetir em 2020, em nova união das duas franquias.
King Kong (1976)
16,7 metros
O primeiro remake da série revolucionou os efeitos especiais, desta vez pela eficiente mescla de técnicas, que incluía braços mecânicos em tamanho real, miniaturas e um ator fantasiado de gorila.
King Kong 2 (1986)
18,2 metros
A continuação segue premissa rocambolesca: Kong não morreu: foi salvo por cientistas após transfusões de sangue e um coração mecânico implantado. E, ainda, há uma fêmea da espécie.
King Kong (2005)
7,6 metros
Resgatando o estilo clássico, o longa dirigido por Peter Jackson traz o macaco totalmente digital, em dimensões mais modestas, interpretado por Andy Serkis em captura de movimento.
Kong: A ilha da caveira (2017)
30 metros
Maior entre as últimas encarnações, o Kong mais recente ainda deve crescer, já que o filme traz o gorila na juventude. Será que ele chegará perto do gigante Godzilla (108 metros)?