Publicação: 02/04/2018 09:00
O cineasta mineiro Helvécio Ratton acha que a campanha, na verdade, ajuda a promover O mecanismo. Ele dirigiu um filme que também aborda fatos históricos: Batismo de sangue (2006), sobre a atuação de frades dominicanos durante a ditadura militar e a morte do guerrilheiro Carlos Marighella. Para o diretor, o colega abusou da licença poética. “O momento histórico do qual José Padilha trata é muito recente. Haveria distanciamento suficiente para contar essa história?”, questiona.
Diretor de Joaquim (2017), longa sobre a trajetória de Tiradentes antes de se tornar o herói da Inconfidência Mineira, o pernambucano Marcelo Gomes concorda. “Olha, respeito o Padilha, embora não acompanhe muito o cinema dele. Por uma questão de gosto mesmo, sou ligado em outras coisas. No meu filme, contei uma história que ocorreu há 250 anos e tive dificuldades. Fico imaginando se é possível contar direito algo que ainda está em curso. Na atual conjuntura política, em que estamos tão divididos, acho natural que a obra tenha acirrado os ânimos e provocado essa reação nas pessoas”, diz Gomes.
Narrativas sobre fatos recentes não só são possíveis, como bem-vindas, acredita Heloísa Starling, professora do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para ela, um filme é um instrumento de reflexão em qualquer tempo. “Apenas lamento que José Padilha, autor, inclusive, de outras obras muito interessantes, não tenha sido fiel aos fatos. Do meu ponto de vista, isso, especificamente, é um desserviço, pois confunde as pessoas. E turva ainda mais o momento político que vivemos, já tão complicado. No mais, ninguém é isento, nem quando tenta ser neutro. Ele tem direito a tomar o partido, a posição que quiser. Mas poderia ter feito isso sem passar por cima da história”, afirma a autora do livro Brasil: Uma biografia, em parceria com Lilia Moritz Schwarcz.
“BOBOCA”
A assessoria do cineasta José Padilha não respondeu aos contatos da resportagem. Em entrevistas concedidas na semana passada, o diretor afirmou que “para quem sabe ler, é possível separar a série da realidade”. Para ele, é “boboca” a polêmica em torno da frase de Jucá. Por fim, ironizou do boicote à Netflix. “Que pena, vão perder a quarta e próxima temporada de Narcos!”, brincou, referindo-se à produção, assinada por ele, sobre a trajetória de Pablo Escobar e outros barões do narcotráfico.
Diretor de Joaquim (2017), longa sobre a trajetória de Tiradentes antes de se tornar o herói da Inconfidência Mineira, o pernambucano Marcelo Gomes concorda. “Olha, respeito o Padilha, embora não acompanhe muito o cinema dele. Por uma questão de gosto mesmo, sou ligado em outras coisas. No meu filme, contei uma história que ocorreu há 250 anos e tive dificuldades. Fico imaginando se é possível contar direito algo que ainda está em curso. Na atual conjuntura política, em que estamos tão divididos, acho natural que a obra tenha acirrado os ânimos e provocado essa reação nas pessoas”, diz Gomes.
Narrativas sobre fatos recentes não só são possíveis, como bem-vindas, acredita Heloísa Starling, professora do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para ela, um filme é um instrumento de reflexão em qualquer tempo. “Apenas lamento que José Padilha, autor, inclusive, de outras obras muito interessantes, não tenha sido fiel aos fatos. Do meu ponto de vista, isso, especificamente, é um desserviço, pois confunde as pessoas. E turva ainda mais o momento político que vivemos, já tão complicado. No mais, ninguém é isento, nem quando tenta ser neutro. Ele tem direito a tomar o partido, a posição que quiser. Mas poderia ter feito isso sem passar por cima da história”, afirma a autora do livro Brasil: Uma biografia, em parceria com Lilia Moritz Schwarcz.
“BOBOCA”
A assessoria do cineasta José Padilha não respondeu aos contatos da resportagem. Em entrevistas concedidas na semana passada, o diretor afirmou que “para quem sabe ler, é possível separar a série da realidade”. Para ele, é “boboca” a polêmica em torno da frase de Jucá. Por fim, ironizou do boicote à Netflix. “Que pena, vão perder a quarta e próxima temporada de Narcos!”, brincou, referindo-se à produção, assinada por ele, sobre a trajetória de Pablo Escobar e outros barões do narcotráfico.
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