Dupla entrosada em nova comédia Uma quase dupla traz elementos tradicionais das comédias policiais, mas com muita personalidade

BRENO PESSOA
breno.pessoa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/07/2018 03:00

A comédia policial teve seu auge nos anos 1980 e 1990, mas o gênero nunca desapareceu por completo e vez ou outra surge em nova produção. Praticamente inexplorado no audiovisual nacional, a fórmula é aproveitada em Uma quase dupla, longa-metragem estrelado por Tatá Werneck e Cauã Reymond, uma das estreias desta semana. A direção é de Marcus Baldini (Bruna Surfistinha).

Para dizer que o gênero não teve representantes no cinema comercial brasileiro, há o insólito Inspetor Faustão e o Mallandro (1981). Mais bem-sucedido na proposta, Uma quase dupla traz os elementos tradicionais das comédias de buddy cop, mas com muita personalidade. Ao mesmo tempo em que é convencional ao aproveitar conceitos já bem explorados – como dois policiais que a princípio não se bicam, o chefe ranzinza etc. –, é original na maneira como o humor é apresentado.    

Tatá Werneck é Keyla, uma policial do Rio de Janeiro, com alto índice de resolução de casos, destacada para investigar um assassinato na fictícia cidade interiorana de Joinlandia. Ela recebe a companhia do subdelegado Claudio (Reymond), um ingênuo e inexperiente profissional acostumado com uma rotina pacífica na cidadezinha. O roteiro é assinado por Ana Reber e Leandro Muniz, com colaborações Fernando Fraiha, Daniel Furlan e da própria Werneck.

Sim, Keyla faz o tipo bad cop, enquanto Claudio é o parceiro bonzinho, que evita ao máximo a violência e é capaz de interromper uma perseguição para cumprimentar algum conhecido que encontra no caminho. A dupla funciona bem como deve ser nesse tipo de filme, com os contrastes existentes entre as duas personalidades.

Verborrágica, Tatá é bastante eficiente nos diálogos rápidos, ácidos e, não raro, absurdos. Também mostra um ótimo domínio da comédia física, campo em que Raymond também se sai muito bem no filme. O ator revela um competente timing cômico e entrega um tipo abobalhado bastante engraçado. Merece citação também Daniel Furlan, que tem um papel secundário, mas divertidíssimo.

Uma quase dupla por vezes flerta com o pastelão, mas o que prevalece é um humor inteligente, mas acessível e, o melhor, que passa longe da comédia de estereótipos que ainda insiste em dar as caras no cinema nacional. É uma releitura refrescante do gênero, com tons bem brasileiros, direção dinâmica e uma entrosada dupla de protagonistas.

Reymond no cinema
No próximo ano, Cauã Reymond completa 15 anos atuando no cinema – “praticamente uma debutante”, brinca. O ator tem colecionado personagens bem interessantes na sétima arte. Nos últimos cinco anos, tem produzido ou coproduzido alguns dos filmes de que participa, caso de Reza a lenda. “Tenho tido essa vontade de participar dos projetos de outra forma, não só atuando. Seja como produtor ou produtor associado. Tem sido bacana”, comenta. A partir de outubro, o ator finalmente começa a tirar do papel um projeto antigo, um longa-metragem sobre o imperador Dom Pedro I e, de novo, vai interpretar e produzir. As filmagens – no Brasil e em Portugal – começam em 22 de outubro, em Lisboa. “Quero mostrar um lado não explorado dele. A faceta mais humana, entrar na intimidade do imperador. Por isso decidimos que o filme vai se chamar apenas Pedro”, explica. A produção tem a direção de Laís Bodanzky (Bicho de 7 cabeças ). No ano passado, Cauã Reymond filmou Piedade, do pernambucano Cláudio de Assis (Big Jato). (Estado de Minas)