ARTE » João Câmara e sua reserva técnica nas Graças

BRENO PESSOA
breno.pessoa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 20/07/2018 03:00

As incontáveis obras produzidas ao longo das décadas por João Câmara levaram o artista a procurar um espaço além do seu atelier, instalado em Olinda, que já não comportava bem o volume da produção. O local escolhido foi um casarão no número 420 da Rua das Pernambucanas, nas Graças, transformado em galeria e acervo documental aberto à visitação do público.

Paraibano radicado em Pernambuco, Câmara mantém o ateliê-residência em Olinda, território intrinsecamente ligado à carreira. Foi lá onde, nos anos 1960, ao lado de artistas como Adão Pinheiro e Guita Charifker, formou o Ateliê Coletivo da Ribeira e o Ateliê +Dez. Foi também a Cidade Alta que abrigou, a partir de 1979, a Oficina Guaianases de litogravura, idealizada por ele e Delano em 1974 e sediada, originalmente, em Campo Grande.

Embora boa parte da trajetória de João Câmara esteja relacionada à Olinda, o artista sinaliza apreço igual pela capital pernambucana. Ambas foram retratadas em suas obras, em particular na série Duas cidades, finalizada em 2001, com um total de 38 pinturas e 18 objetos. Esta, aliás, é uma das poucas, porém extensas, produções serializadas do artista. As outras duas foram Cenas da vida brasileira (dez pinturas e cem litografias) e Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmara, composta por 70 gravuras, 22 montagens, dez pinturas, três objetos e um tríptico.

Autodeclarado, em primeiro lugar, pintor, deixou de explorar a litografia no início da década de 1990 e hoje segue dedicado à pintura e ilustração digital. Obras de todas essas facetas estão reunidas na chamada reserva técnica do artista nas Graças, que guarda também materiais relacionados ao acervo e serve de recepção para quem quiser adquirir algum dos trabalhos.

Antes de ser restaurada para receber o acervo de João Câmara, o endereço da reserva técnica já mantinha uma tradição de reduto cultural. Foi lar do escritor Renato Carneiro Campos (1930-1977) e, depois, do historiador José Antônio Gonsalves de Mello Neto (1916-2002).

Interessados em visitar o espaço podem agendar pelo telefone 3222-1563, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h.