O infantil que é lição para adulto O filme Christopher Robin - Um reencontro inesquecível traz o ursinho Pooh e sua turma em um enredo cheio de valiosos ensinamentos

BRENO PESSOA
breno.pessoa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 20/08/2018 03:00

Christopher Robin - Um reencontro inesquecível pode ser simplificado como uma versão para os cinemas das histórias do ursinho Pooh e sua turma, em filme com atores. Não deixa de ser verdade, mas a produção, em cartaz desde o dia 16, vai além da transposição para outra mídia das histórias já vistas nos livros infantis e desenhos animados. É mais um exercício de imaginação, com aqueles conhecidos personagens, sobre tornar-se adulto.

No longa-metragem, Christopher Robin (Ewan McGregor), o garoto que viveu grandes aventuras no Bosque dos Cem Acres ao lado de Pooh, Leitão, Ió, Tigrão e outros, cresceu e leva uma vida absolutamente desinteressante e deprimente. Sempre ocupado com os afazeres do trabalho, indisposto e pouco imaginativo, Christopher é um homem nos seus 40 e poucos anos que parece ter perdido o viço, deixando também em segundo plano a esposa (Hayley Atwell) e filha (Bronte Carmichael).

O cenário pouco animador da rotina do protagonista é interrompido com o inesperado retorno de Pooh, que pede ajuda ao amigo, há décadas distante, para localizar a turma do Bosque dos Cem Acres. A premissa é parecida com a de Hook: A volta do Capitão Gancho (1993), de Steven Spielberg, que mostra um crescido Peter Pan retornando para a Terra do Nunca e reencontrando os antigos companheiros e a própria essência.

Christopher Robin, aliás, é dirigido por Marc Foster, do biográfico Em busca da Terra do Nunca (2004), sobre o escritor J. M. Barrie, criador de Peter Pan. Competente na mesma linha entre lirismo e um senso de realidade, o diretor imprime, no novo filme, tons de fábula adulta, sem deixar de lado a doçura e inocência.

A presença de Pooh serve como lembrete para Christopher (e para os espectadores adultos) das coisas realmente valorosas da vida, como amigos e família, e da importância de se permitir, vez por outra, fazer nada. São ensinamentos simples, quase pueris, mas transmitidos de maneira encantadora pelos animais dos bosques.

Christopher Robin tem algumas conveniências de roteiro e um protagonista insosso ao ponto de quase despertar apatia, mas são questões mínimas em um filme deliciosamente agradável e bucólico. A criação digital de Pooh e seus companheiros é, certamente, outro ponto que merece elogios. Com o visual que remete mais às ilustrações dos antigos livros de A.A. Milne do que às animações da Disney, os animais do Bosque dos Cem Acres têm aspecto de pelúcia antiga, daquelas que já acompanharam crianças por um longo tempo, mas que seguem disponíveis para novas brincadeiras. É um filme com toques de nostalgia mas, sobretudo, de ternura.