Um festival à altura do local Oficina Brennand recebe o festival nacional Meca, com nomes férteis da música alternativa no país

texto: EMANNUEL BENTO | emannuelbento@gmail.com

Publicação: 22/09/2018 03:00

O complexo monumental da Oficina Cerâmica Francisco Brennand, localizado na Várzea, transcenderá as artes plásticas neste sábado ao receber o Meca, uma plataforma multicultural que tem promovido eventos, festivais, pesquisas de tendências e ações que funcionam como um “radar artístico” em todo o país. Primeiro evento da marca no Nordeste, o MECAbrennand agregará destaques da cena alternativa nacional e local.

A programação musical terá shows de Letrux, Duda Beat, Mundo Livre S/A, Barro, Dirimbó, Phalanx Formation, Lala K, Windy City Classics e Pop Briseiro, também contemplando selos de festas da capital como Batekoo (focada em exaltar a cultura negra urbana), Maledita (música pop) e Sem Loção. Além das atrações culturais, haverá workshops de drinks e uma feirinha com itens de 15 marcas locais selecionadas pela plataforma.

O Meca nasceu como um festival de música em Porto Alegre-RS, com a proposta de trazer uma “experiência imersiva”. Atualmente, conta com espaços físicos, realiza palestras com especialistas e produz alguns veículos de mídia com enfoque em cultura e comportamento. Rodrigo Santanna, fundador da marca, explica que o projeto está em fase de expansão geográfica, tendo realizado eventos em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

“Nosso namoro com o Recife é antigo. Já conhecíamos alguns selos e fomos vendo que existe uma cena cultural muito rica, que está se desenvolvendo cada vez mais, como uma região central do Nordeste”, diz ele. “A nossa curadoria é um trabalho de mapeamento coletivo. Conversamos com produtores locais que nos ajudam a fazer a seleção, com artistas que abordam temas e sonoridades diversas, trazendo provocações para que o público possa vivenciar experiências.”

A pernambucana Duda Beat, 30 anos, aparece como uma atração coerente diante da pretensão do Meca em funcionar como um “radar local”. Radicada no Rio de Janeiro há 12 anos, a artista lançou seu primeiro disco, Sinto muito, em abril deste ano e despontou na cena independente ao unir batidas do synth pop com brega, reggae e ritmos latinos. Ansiosa para seu primeiro show no Recife, ela também é atração confirmada do festival Coquetel Molotov, em novembro, no Caxangá Golf Club.

Line-up

15h: Pop Briseiro
16h: DJ Lala K
17h: Phalanx Formation
19h: Duda Beat
21h: Mundo Livre S/A
22h: Madimboo
23h: Letrux
1h: Windy City Classics
2h: Maledita
3h: Batekoo
4h: Festa SemLoção

Entrevista - Duda Beat // cantora

Como define Sinto muito?

Apesar de mesclar vários ritmos para atingir diversas bolhas, é um álbum pop. Cheguei nessa sonoridade pelas minhas influências, como Kali Uchis (cantora colombiana), Beyoncé e artistas dos anos 1980. Mas o que traz unidade ao disco são as letras sobre amor não correspondido e empoderamento. Visualmente, eu quis passar uma imagem mais plastificada, mas não sou aquela cantora que rebola no palco. É algo mais próximo do pop chic.

Estão chamando seu som de “sofrência pop”. Concorda?
Sim, no começo falaram que era “sofrência indie”, mas eu não gostei tanto, porque me coloca em um nicho mais restrito. Eu amo todo mundo, gosto de falar cara a cara, então prefiro “sofrência pop”. Inclusive meus próximos singles serão totalmente pop, nem conversa tanto como Sinto muito. De toda forma, o álbum serviu como cartão de visita.

É possível perceber um sotaque recifense aguçado nas músicas. Existe essa intenção de soar regional?
Isso é uma proposta que eu tive o tempo inteiro. Durante a produção (durou dois anos), eu tive medo de que as pessoas não entendessem que sou do Recife, pois Pernambuco me formou como pessoa e foi responsável pela construção da minha identidade. Nós que somos desta terra valorizamos muito a cultura e tudo mais, temos mania de grandeza mesmo. Então eu quis passar isso.

Seu nome é Eduarda Bittencourt. De onde vem Duda Beat?
Iria ser Duda Bittencourt, mas soaria muito sério. Quem indicou Beat foi uma amiga, pois parece ser um apelido para “Bitten”. Tive medo que achassem que eu fosse uma rapper, mas lembrei do movimento manguebeat, que me inspira.