A hashtag virou realidade Após a forte repercussão da campanha nas redes #AzealiaNoMolotov, chegou o dia do show da famosa rapper norte-americana no Recife

EMANNUEL BENTO
emannuelbento@gmail.com

Publicação: 15/11/2018 03:00

Vocais potentes de nomes do soul, flows sagazes de rappers e batidas das divas do dance. Esses são os principais traços artísticos da cantora norte-americana Azealia Banks, que se apresenta no Recife hoje, em evento de abertura da 15ª edição do Festival No Ar Coquetel Molotov, no Baile Perfumado, sob alta expectativa dos fãs de várias cidades do Nordeste. Entre consumidores da música pop, é quase um consenso que se trata de uma artista completa. As discordâncias existem, mas são por outros motivos: opiniões fortes, frases polêmicas e personalidade difícil da intérprete.

No palco, que também terá apresentações da multiartista pernambucana Transalien e do DJ Iury Andrew, o público anseia por canções como Anna Wintor, 212, Heavy metal and reflective e Chasing time, sucessos que conquistaram um público amplo para uma artista que trabalha de forma independente. Sua sonoridade é marcada pelo uso de arranjos típicos da década de 1990, R&B, house music e muitos versos sujos. Mais do que uma apresentação, os fãs esperam a materialização dessa identidade forte, tanto artisticamente quanto pessoalmente. Afinal, controvérsia e talento andam de mãos dadas na carreira da diva. 

Foi em 2011 que a nova-iorquina começou a despertar atenção nos bastidores competitivos da indústria musical estadunidense. A faixa 212 conquistou a crítica pelos sintetizadores caóticos e rimas rápidas. Em um cenário em que Nick Minaj capitaneava hits e parcerias, sites de música alternativa enxergaram Azealia como uma aposta para o futuro da música. A previsão durou algum tempo, até a cantora criar intrigas com nomes como Lady Gaga, Diplo, Rita Ora, Lana Del Rey e Iggy Azealia - que foi acusada de apropriar-se da cultura negra hip-hop americana por ser uma mulher branca e australiana -, além da própria gravadora.

Em 2014, Banks ameaçou vazar o próprio álbum de estreia em consequência dos constantes adiamentos da Interscorpe Records. Todos os episódios foram registrado por publicações no Twitter, sua principal ferramenta de comunicação, frases de efeito e muita polêmica - na mesma onda estratégica dos políticos da nova direita. A cantora foi demitida, mas não perdeu sua sede pelo sucesso e lançou, de forma independente, o elogiado Broke with a expensive taste no mesmo ano. Do álbum, saíram hits como Heavy metal and reflective, Yung rapunxel e Chasing time.

#AZEALIANOMOLOTOV
Até o início do ano, a realização de um show de Azealia Banks no Recife parecia improvável. A situação começou a mudar devido à hashtag #AzealiaNoMolotov, publicada pela primeira vez no Twitter em maio de 2018 e iniciando uma campanha virtual pela vinda da norte-americana ao festival. A tag alastrou-se para outras mídias sociais e acabou se tornando uma espécie de bordão em festas pela capital pernambucana, sempre que músicas como Anna Wintor tocavam em sets de DJs.

O que era quase uma brincadeira começou a ganhar tons de realidade em julho, quando a rapper confirmou uma turnê no Brasil no mesmo mês que o Molotov. A produção do evento confirmou o show no dia 1º de agosto, mas fora da programação do festival, no sábado, por um choque com a agenda com a cantora.
 
Serviço

Azealia Banks em prévia do festival Coquetel Molotov
Onde: Baile Perfumado (Rua Carlos Gomes, 390, Prado)
Quando: hoje, a partir das 21h.
Quanto: R$ 200, R$ 140 (meia social, levar 1kg de alimento não-perecível), R$ 100 (meia), à venda no Sympla