Não é uma simples estreia Animais fantásticos, segunda película da nova franquia de J.K. Rowling, explora o universo mágico de Harry Potter e deve lotar os cinemas

Anamaria Nascimento
anamaria.nascimento@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 15/11/2018 03:00

 

Se o primeiro filme Animais fantásticos teve a missão de apresentar os personagens e mostrar a expansão do mundo mágico de Harry Potter, a segunda película, que ganhou o subtítulo Os crimes de Grindelwald, aproxima a narrativa da saga antecessora. Objetos, personagens e cenários familiares aos que acompanharam a história do aluno da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts são explorados na nova franquia de J.K. Rowling.

A primeira aparição de Alvo Dumbledore (Jude Law) mais jovem e a descoberta da origem de Nagini, a cobra Horcrux e animal de estimação de Lord Voldemort, são os momentos que fazem os fãs do bruxinho vibrarem. Também aparece o espelho de Ojesed, introduzido em Harry Potter e a pedra filosofal. Andando pelos corredores de Hogwarts à noite, Harry se depara com o espelho capaz de mostrar os desejos mais profundos de quem o contempla. Desta vez, quem o usa é Dumbledore.

A retomada de elementos e a inevitável comparação com a série de livros e filmes que deu fama a J.K. Rowling faz o espectador ver Os crimes de Grindelwald – que estreia nos cinemas hoje – mais como uma obra que explica o universo de Harry Potter do que enquanto uma continuação da história dos bichos mágicos descobertos por Newt Scamander (Eddie Redmayne). Por outro lado, o filme estabelece de vez a franquia Wizarding World.

A sequência de Animais fantásticos se passa cerca de 60 anos antes de Harry Potter e amigos ingressarem em Hogwarts e mostra a ascensão de Gellert Grindelwald (Johnny Depp), o primeiro lorde das trevas. O filme, inclusive, explora bem a faceta de camaleão do ator. Com os cabelos e bigode platinados e olhos de cores diferentes, o vilão ganha ares mais sombrios. Na cena mais densa do filme, o personagem faz um discurso pseudopopulista, remetendo à ascensão de líderes que convencem pelo discurso de ódio. O paralelo com a política da realidade é imediato.

Enquanto o filme de estreia da saga termina mostrando que o personagem estava se escondendo em Nova York, sob o disfarce do auror Percival Graves (Colin Farrell), nesta sequência o vilão usa o poder de persuasão e um apelo populista/demagogo para criar um exército de seguidores. Ele usa táticas de projeção, isto é, de negar o que há em si ao acusar o “outro” para aliciar adeptos, remetendo a discursos que o espectador certamente já viu na televisão e na internet.

Grindelwald consegue convencer até mesmo os bruxos bem intencionados. A estratégia é defender a “pureza” dos bruxos frente aos não-maj (sem poderes mágicos – os “trouxas” na saga Harry Potter). Grindelwald apresenta os que estão contra suas ideias como sendo os malvados e os que estão com ele como os bons que estão apenas se defendendo. “Meus irmãos, minhas irmãs. Dizem que eu odeio os não-maj. Eu não os odeio. Não mesmo. Eles não são inferiores, não são inúteis. Eles têm outro valor. A magia floresce somente em almas raras. Eu, na verdade, quero um mundo melhor para todos, sem guerras, sem violência, aonde nós, almas raras, dotados de magia, devemos comandar o mundo”, diz o vilão. Qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência. Afinal, J.K. Rowling sempre fez questão de deixar mensagens políticas, mesmo que muitos considerem “bobos” os filmes de magia.

 

Curiosidades

  • Ao atualizar a foto de capa do Twitter com uma foto antiga do Rio de Janeiro, J.K. Rowling levantou a possibilidade de um filme de Animais fantásticos se passar no Brasil. “É o Rio de Janeiro nos anos 1930”, disse a escritora após um fã perguntar do que se tratava a imagem.
  • Há 11 escolas de magia no universo Harry Potter. Uma delas é brasileira, a Castelobruxo. A escola está “escondida nas profundezas da floresta tropical”. Os alunos usam capas com tons vivos de verde e são particularmente talentosos nas áreas de herbologia e magizoologia. 
  • Depois de escrever os livros de Harry Potter, que viraram filmes, J.K. Rowling estreou como roteirista com Animais fantásticos. Assim, diferentemente da primeira saga, não há como saber quantos filmes existirão ou o que acontecerá na história protagonizada por Newt Scamander.
  • Enquanto o primeiro filme de Animais fantásticos se passa em Londres e em Nova York, o segundo filme começa em Nova York, que aparece apenas nas cenas iniciais. Depois, a história se passa entre Londres e Paris.
  • A cena final de Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald faz uma revelação grandiosa. Por isso, muitos fãs podem ficar esperando por cenas após os créditos. Não há. Os créditos trazem apenas os rostos dos atores acompanhados da trilha sonora assinada por James Newton Howard.