A água e a seca em duas exposições Obras da paraibana Alice Vinagre e da pernambucana Carol Monteiro estarão expostas a partir de hoje, no Museu de Arte Moderna (Mamam)

EMANNUEL BENTO
emannuelbento@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 06/12/2018 03:00

Duas exposições assinadas por mulheres nordestinas chegam simultaneamente ao Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam) hoje, a partir das 19h. Com olhos de náufrago ou onde fica o próximo porto, da paraibana Alice Vinagre, reúne mais de 30 telas antigas e recentes no Salão Térreo do equipamento cultural. Já Coração de pedra, da pernambucana Carol Monteiro, consiste em fotografias que unem a linguagem do universo fashion com estéticas do Sertão. Essa segunda será montada na Sala Aquário Oiticica. Ambas são gratuitas, com visitação das 12h às 18h - nos fins de semana, o horário é de 13h às 17h.

Com curadoria de Julya Vasconcelos, a mostra de Vinagre ainda contará com um vídeo e duas instalações, sendo uma inédita. O título foi inspirado em uma das telas, que retrata um barco navegando em um mar revolto e segue o atual estilo da artista. “Ao examinar o conjunto dos trabalhos mais recentes percebi que Alice se reportava muito à água, à fluidez, fazendo uso maciço dos azuis, dos efeitos translúcidos, das camadas. Então a exposição foi toda montada tomando este fio condutor como norte”, explica Julya.

Enquanto as produções recentes têm a água e a cor azul como elementos centrais, as telas dos anos 1980, 1990 e começo dos anos 2000 capturam uma outra fase da artista plástica, mais explosiva e colorida. “Uma das razões para mostrar alguns trabalhos mais antigos é porque eles praticamente não foram vistos. Já fazia algum tempo que eu não fazia uma individual aqui no Recife, então pensamos no espaço do Mamam, com o qual eu tenho uma relação de afeto. Minha primeira individual aqui em Recife foi no Mamam, em 2002”, conta Alice.

Se a água é um dos enfoques da mostra de Vinagre, a exposição de Carol vai na contramão ao capturar a seca. Montada na Sala Aquário Oiticica, o conjunto exibe uma atraente convergência visual entre moda e estéticas provenientes dos sertões nordestinos. O conjunto de obras é resultado de quatro anos de uma pesquisa iconográfica. Levantando a bandeira da sustentabilidade, Carol usa diversos materiais encontrados na paisagem sertaneja para incrementar seu processo criativo. Fragmento de ossos de animais e vários itens garimpados da sucata foram reutilizados.

“Eu tive uma infância e uma pré-adolescência muito forte no Sertão. Minha mãe me apresentou essa terra de forma muito poética, mas também conseguiu me passar o sentimento de dureza”, explica Monteiro, natural de Sertânia. “Há quatro anos, revisitei o Sertão e tive muitas emoções e lembranças. Como tenho uma bagagem muito forte de moda por ser figurinista, mas sempre trabalhei com outras linguagens artísticas, a ideia central para Coração de pedra foi surgindo com naturalidade”, completa. Coração de pedra fica em cartaz até 1º de janeiro, enquanto Náufrago pode ser vista pelo público até 24 de fevereiro.

+ Expo

Entra em cartaz hoje, às 19h, no Ateliê de Artes Visuais do Sesc Casa Amarela (Av. Norte, 4490, Mangabeira), a exposição A grafia de pólis, com 32 peças criadas por alunos do curso de Pintura da unidade. As obras, produzidas na técnica de óleo sobre tela, retratam os monumentos do Recife, chamando atenção para a importância da preservação histórica e arquitetônica da cidade. A exposição segue até dia 31 de dezembro, com visitação gratuita, de segunda a sexta.

Serviço

Exposições Coração de pedra e Com olhos de náufrago ou onde fica o próximo porto
Onde: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Rua da Aurora, 265, Boa Vista)
Quando: hoje, a partir das 19h.
Quanto: gratuito
Informações: 3355-6871