LANÇAMENTO » Jair Oliveira faz o retrato próprio em novo disco

Publicação: 18/03/2019 03:00

Da janela do quarto, Jair Oliveira vê as luzes de Nova York, onde mora com a família. Inspirado pela cidade, transformou em música toda a luminosidade que está ali, no exterior, mas também dentro de si. Para seu novo disco, que chega às lojas em 29 de março, inspirou-se também na arte que capta a luz, a fotografia. Ao fazer um retrato próprio, por meio da música, decidiu dar ao trabalho o nome de Selfie.

Com 13 músicas, é o álbum mais pessoal de sua carreira. “As canções têm muito a ver com o meu universo atual”, ele explica. “Tenho feito meditação, terapia, reflexões. Depois que você passa dos 40, passa a refletir sobre essas questões, sobre luzes, principalmente internas”, diz o cantor, que completou 44 anos ontem.

Além da fotografia, a sua derivação, o cinema, também serviu de influência para o novo trabalho de Jair Oliveira, na elaboração da ordem de músicas do disco. “É quase um roteiro, de uma viagem minha, de pensar como eu me relaciono com o mundo.” Nestas músicas, gravadas em Nova York, são os ritmos brasileiros, como o samba e a MPB, que ditam o tom.

“A mistura foi natural, não pensei em fazer um disco internacional, mas também não tive intenção de fazer um disco brasileiro”, explica o artista. “Penso apenas na música em si. Ela rompe fronteiras.”

No disco, duas músicas são cantadas em inglês, When i’m all alone e St. Anthony, esta última em parceria com a cantora britânica Sylvie Lewis.

As parcerias em Selfie são muitas e variadas. Pela primeira vez, Oliveira teve alguém, ao seu lado, na co-produção de um disco seu. Em Nova York, conheceu Rogério Leão, que o levou para gravar no famoso estúdio Flux. O disco conta ainda com participações de nomes como o saxofonista Zé Luis, o guitarrista Chico Pinheiro, do percussionista argentino Marcelo Woloski e de Jorge Continentino no pífano. A participação de Jorge, aliás, é na canção Vida divina, uma das poucas do disco que Jair Oliveira já havia gravado anteriormente.

Há alguns anos, o cantor foi convidado para um projeto em que artistas gravaram músicas especialmente para pacientes com Alzheimer. A partir dos relatos da filha de uma paciente, a dona Divina, ele compôs Vida divina. “Acabei incluindo no meu disco porque tem muito a ver com a descoberta da memória a partir das imagens, mais uma vez pensando num universo cinematográfico.”

Outra das músicas do disco, O sorriso, também traz um tema especial. A canção foi composta por Oliveira na noite do velório do seu pai, o lendário Jair Rodrigues, em maio de 2014. “Fiz como uma forma de comunicação, naquele momento de saudade e dor, com as emoções à flor da pele”, relembra. “Quis fazer algo que representasse o que ele deixou de legado, não só para mim, mas para todos, uma euforia com a vida. É triste, uma despedida musical, mas lembra a sua alegria, o seu sorriso.”

Jair também tem trabalhado em algumas homenagens ao pai, que teria completado 80 anos em fevereiro. Ao lado da irmã, Luciana Mello, está em turnê pelo país. Ao mesmo tempo, dois filmes documentais sobre a vida do pai estão sendo preparados . Um deles, Deixa que digam, tem direção de Rubens Rewald, que dirigiu o único filme em que Jair Rodrigues participou como ator, Super nada (2012). (Da Agência Estado)