Bons Sons (22/02)

Por Gabriel Trigueiro

Publicação: 22/02/2020 03:00

Alceu e a mistura colorida da massa

A coluna pede licença às novidades do mundo da música para homenagear grandes álbuns de alguma forma relacionados ao carnaval. Como carro-chefe dessa lista especial, recomendo Estação da Luz, clássico de Alceu Valença que está completando 35 anos de lançamento em 2020.

Um dos trabalhos mais conceituais do gênio que nunca se ateve a padrões musicais fixos, o disco começa com a faixa-título anunciando a chegada da estação que traz consigo a folia. Ainda no lado A, Alceu faz sua primeira declaração de amor a Olinda, que “tem a paz dos mosteiros da Índia”, pelo menos nas épocas do ano que seu vulcão momesco não está em atividade.

Mais à frente, o pernambucano de São Bento do Una engata o rock regional Sonhos de Valsa (“Seria sonho, sonhamos juntos/Comemos juntos Sonhos de Valsa/Seria cisne, seria garça? Magia branca, olhos do mal?/Seria o éter do carnaval?), e os frevos Chego já e Bom demais. Dois hinos carnavalescos, essas músicas são um miniguia da folia, citando agremiações icônicas - Segura a Coisa, Eu Acho é Pouco e Elefante -, além de solos sagrados como os Quatro Cantos e a Praça do Jacaré, em Olinda, e o bairro de São José no Recife, por onde, em 1985, desfilou um jovem, porém relevante Galo da Madrugada.

Três décadas e meia depois, Estação da Luz segue uma ótima fonte para entender o espírito de nosso carnaval. A linda capa criada por Virgulino também ajuda a tornar o álbum indispensável.

Dicas da semana // Novidades musicais

Soltos na buraqueira

Fome de tudo, álbum lançado pela Nação Zumbi em 2007, traz a emocionante Carnaval, que soa como uma carta de um pernambucano exilado em outras terras.

O melhor da folia é a espera
No mesmo ano de Fome de tudo, a Orquestra Imperial lançava seu álbum carnavalesco, pondo um ouvinte num baile movido a letras safadinhas e arranjos afinados.

Não era do céu nem era do mar
Lançado em 1970, Foi um rio que passou em minha vida é bom do começo ao fim, mas nenhuma outra faixa faz frente à homenagem de Paulinho da Viola à sua Portela.

Bahia

Caetano // Somos muitos carnavais

Pouco antes do carnaval de 1977, o cantor e compositor Caetano Veloso lançou um álbum que uniu suas melhores canções momescas. Muitos carnavais traz clássicos como Chuva, suor e cerveja, A filha da Chiquita Bacana, Atrás do trio elétrico e Frevo novo. Um documento do carnaval baiano antes do Axé Music.