SINSPIRE » Edição de festa baiana no carnaval do Recife Antigo

Publicação: 22/02/2020 09:00

Na região boêmia do bairro de Rio Vermelho, em Salvador, o espaço Lálá Casadearte recebe anualmente uma celebração de Iemanjá através das artes. Neste ano, a casa aporta na capital pernambucana para uma edição especial na terça-feira de carnaval, a partir das 22h, no Sinpire, localizado no também boêmio bairro do Recife Antigo. O evento recebe o baiano Hiran, DJ Mozaum, residente do Festival Oferendas, o cantor pernambucano Barro e os músicos paulistanos Juçara Marçal e Kiko Dinucci.

“Abre o caminho para o mensageiro passar”, entoa Juçara Marçal na abertura do disco Padê (2008). Os mensageiros estão materializados através da canção e da forte presença de Juçara e, seu parceiro de Metá Metá, Kiko Dinucci. O disco abriu caminho para a carreira de ambos, tanto que está em turnê de comemorando uma década de lançamento. Em entrevista ao Viver, o músico comenta o processo de revisitar o trabalho. “Gostamos muito de tocar o repertório de Padê, porque acumulamos muitas coisas dele. Mas também é diferente, porque o jeito de Juçara cantar, por exemplo, já não é o mesmo. O meu jeito de tocar violão já não é o mesmo também, porque passei pela guitarra”, pontua Kiko. Para o show em pleno carnaval, o músico promete a formação da banda ao estilo do álbum, mas com um repertório de canções “mais agressivas”.

Mesmo após passar por uma fase “elétrica” mais ligada na guitarra nos grupos Passo Torto e Metá Metá, a apresentaçãode Padê tem como instrumento central o viol o, que nunca saiu de cena. “O violão, eu nunca deixei parado. O negócio é que eu já tinha achado uma linguagem no violão. Procurei muito o som na guitarra. Sempre tenho uma busca por um caminho mais pessoal do instrumento”, comenta. Quando se trata de novos interesses e pesquisa, o músico pontua que entra em jogo também a música eletrônica, gênero que o artista diz ser objeto de interesse e que está sendo mais explorado ultimamente.

Mesmo completando 12 anos, Padê continua sendo um disco inf luente tanto para os músicos quanto para música brasileira como um todo. Uma das suas principais características é sua relação com o samba paulistano, uma chave quase esquecida em meio ao cosmopolitismo de São Paulo. Além do samba, também é reiterada uma influência do batuque de umbigada, um ritmo negro do interior do estado. “A gente tem muita inf luência desse samba, que é uma das coisas ‘escondidas’ de São Paulo. É uma cidade cosmopolita, mas que às vezes não consegue enxergar coisa de dentro dela. É muito fácil um paulistano conhecer Joy Division, mas o samba paulistano não”, alfineta, aos risos.

LÁLÁ
Todos os anos, o evento de linguagens multiartísticas é realizado em Salvador. Na edição do Recife, a programação da noite conta com o baiano Hiran, que combina o grimme londrino como o funk carioca, o r&b norte-americano e a vasta gama de possibilidades da música baiana. Ao lado dele, se apresenta também DJ Mozaum, artista plástico, produtor cultural, VJe DJ radicado no Recife. Já o cantor Barro, que sintetiza a música Hiran, dj mozaum e o cantor pernambucano Barro também se apresentam na festa Da lálá casadearte pop brasileira e sonoridades nordestinas, apresenta canções do álbum Miocárdio.

SERVIÇO

Lálá Casa de Arte no Recife
Quando: terça-feira (25), a partir das 22h
Onde: Sinspire (Praça do Arsenal, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 15 (social) e R$ 20 (inteira)