CARNAVAL 2020 » Roteiro para quem tem energia Destacamos algumas atrações entre os mais de dois mil blocos em Olinda e as cerca de 2,7 mil apresentações em 46 polos no Recife

JULIANA AGUIAR
juliana.aguiar@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 22/02/2020 03:00

É isso, começou o carnaval e são mais de 2 mil blocos em Olinda e 2,7 mil apresentações em 46 polos no Recife - só para falar da parte mais movimentada de uma festa do Litoral ao Sertão. É difícil decidir qual atração acompanhar e, ainda, se dividir entre as duas cidades. Algumas verdades: ninguém vai conseguir ver tudo o que quer, alguns shows vão atrasar e você vai perder a saída de algum bloco. Vai do gosto de cada um, mas tentarei destacar coisas legais da folia.

No sábado, o Galo reina. A folia no chão é uma experiência singular. Se estiver no camarote, não deixe de prestigiar os trios elétricos. Para quem optar por Olinda, uma boa opção é o Eu Acho é Pouco. O bloco vermelho e amarelo sai da sede, em frente à Praça Laura Nigro, no Carmo, às 9h. O percurso não costuma ser divulgado com antecedência, mas fica o recado: siga o dragão.

No mesmo horário, o Manguebeat, conhecido como Bloco da Lama, reúne os foliões no Mosteiro de São Bento, com distribuição de argila para os interessados em virarem “homens e mulheres-caranguejos”. A saída depende de quantas pessoas já conseguiram se caracterizar, mas não passa das 10h30. A troça sai acompanhada de um carro de som com repertório dedicado a Chico Science. Conciliando o ritmo das orquestras com o empurra-
empurra dos blocos, vá até o Casbah, na Praça de São Pedro, que ao meio-dia tem o Trinca de Às.

Você pode também ir para a concentração do bloco Hoje a Mangueira Entra, com mistura frevo e samba por horas, do fim da manhã até as 16h, quando inicia o cortejo. O “esquenta” acontece em uma parte menos movimentada, na Rua Coronel Joaquim Cavalcanti, nas proximidades do Mercado Eufrásio. No mesmo horário, o Bumba Meu Bowie e o Maracadonna - que homenageiam David Bowie e Madonna - saem juntos da Praça do Jacaré. Quem procura os clássicos, o cortejo do Ceroula de Olinda sairá também às 16h, do Colégio São Bento.

A noite é dedicada ao Recife Antigo. No sábado, a apresentação no Marco Zero ficará por conta das mulheres. A partir das 20h, o público poderá assistir aos shows de Dita Curva, Nena Queiroga, Gabi da Pele Preta, Elza Soares e Gaby Amarantos. É possível intercalar, também, os intervalos com as apresentações de Geraldo Azevedo (21h) e Almério (1h) na Praça do Arsenal. No Cais da Alfândega, no palco Rec-Beat, destaque para Martins (21h), Rayssa Dias (22h) e Hot & Oreia (23h). A cantora Zélia Duncan se apresenta às 19h20 no Pátio de São Pedro. Na segunda, ela também faz show, à 1h, na Praça do Arsenal. No Pátio de São Pedro, tem o Sábado da Diversidade, das 9h às 17h, artistas como Madonna Twins, Ruby Nox, As Bichas Do Brega, Kelly Venenosa e Stephany Fox.

Se ainda tiver disposição para curtir as ladeiras noturnas, uma boa ideia é acompanhar os blocos mais tradicionais: o Homem da Meia-

Noite e o Cariri Olindense. Uma dica: os foliões que costumam seguir o Calunga começam a se reunir em frente à sede, em frente à Igreja do Rosário dos Homens Pretos, no Bonsucesso, a partir das 21h, para garantir espaço em meio à multidão. Outra opção é ver o show de Otto no Palco do Carmo, às 22h, e voltar em cima da hora da saída do Homem. O desfile sai, claro, à meia-noite, quando os portões são abertos acompanhados por muitos fogos. A agremiação segue percurso até a sede do Cariri, no Guadalupe, onde entrega a chave do carnaval. Após o encontro, às 4h, o Cariri segue o seu cortejo até 6h. Voltar para casa e descansar ou emendar mais uma manhã nas ladeiras? Há quem encare...

DOMINGÃO
No domingo, o dia começa com a Mucha Lucha, troça que recria o espetáculo mexicano homônimo, onde os integrantes promovem uma divertida luta livre usando máscaras típicas do país. O ringue fica montado em frente à Academia Santa Gertrudes, no Alto da Sé, e não sai em cortejo. Para quem não conhece, talvez essa seja a última chance, porque o bloco decidiu, após dez anos, encerrar as atividades. Também na Sé, o Homem-Aranha desce a caixa d’água a partir das 10h30, no Enquanto Isso na Sala da Justiça. Para este ano, o herói promete tentar usar a estrutura como um pêndulo e “mergulhar no vazio”.

Às 14h30, A Troça (sim, este é o nome) sai da Praça Coronel João Lapa, no Varadouro, subindo em direção à Rua do Amparo. A agremiação, formada majoritariamente por um público jovem, faz parte da nova geração de blocos que têm renovado o cenário carnavalesco olindense, mas mantendo a tradição. Entre eles, estão os blocos Troça Anárquica Umuarama, que desfila na manhã do domingo, Comigo é Assim e Se Eu Flopar Me Beija, que saem na segunda, e o TCM Sem Nome, que saiu na sexta. O percurso da Troça deságua no cortejo do Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda, um dos mais tradicionais da cidade, que neste ano celebra 68 anos. Com concentração no Largo da Guadalupe, o veterano arrasta os foliões a partir das 16h.

Os polos descentralizados em nove bairros recifenses iniciam programação no domingo (programação completa na página 5). Muitas atrações de peso desses palcos alternativos, inclusive, sequer tocarão no Marco Zero. É o caso de Marcelo Falcão, que faz show às 23h30 do domingo em Brasília Teimosa.
 
Calma, que ainda tem mais...
 
A Pitombeira dos Quatro Cantos realiza, na manhã da segunda-feira, o desfile com dois estandartes. Com saída às 10h, deixa a sede na Rua 27 de Janeiro, após os sons de clarins, e toma dois rumos: um pela Rua Prudente de Moraes, outro pela Rua do Bonfim, para diluir a multidão. A troça também sai na terça, do Largo do Amparo, no mesmo horário. Com adereços de estampas imitando pele de vaca e seios à mostra, o bloco feminista Vacas Profanas, inspirado na música de Caetano Veloso, ganha as ruas a partir das 13h, da Praça dos Milagres, propondo uma reflexão sobre o corpo das mulheres. O Boi da Macuca, conhecido por unir o frevo ao forró, desce o Largo de Guadalupe, em frente à sede do Cariri Olindense, às 18h.

Na noite de segunda, o rapper Emicida é destaque do Rec-Beat, à 0h30. Em noite de rock, o Marco Zero recebe Pitty, Paralamas e Cordel do Fogo Encantado a partir das 21h. Nação Zumbi é destaque em Brasília Teimosa, Alceu Valença em Campo Grande. Lia de Itamaracá se apresenta no Pátio de São Pedro. À 0h, a Noite dos Tambores Silenciosos toma o Pátio do Terço.

Cansou? Tem mais. Antes das 7h da terça, quem estiver em alguma casa no Sítio Histórico de Olinda poderá ser acordado com o hino do bloco A Corda. Vestido de pijamas e arrastando lençóis, os organizadores saem da Ladeira da Misericórdia batendo de porta em porta acordando os foliões para o último dia de carnaval. Às 9h, cerca de 70 bonecos gigantes confeccionados pelo olindense Silvio Botelho se concentram no Largo do Guadalupe. No mesmo horário, a Troça Carnavalesca A Porca sairá do Alto da Sé. D’Breck também agita a cidade a partir das 9h, saindo da Praça do Carmo. As Sambadeiras e o Patusco deixam a Ladeira da Misericórdia e Rua da Boa Hora, respectivamente, arrastando a multidão com as já conhecidas baterias e carros de som. O dia também conta com a dobradinha da Ceroula, às 16h, saindo novamente do Colégio São Bento, e do Eu Acho É Pouco, às 17h, em local ainda não definido. Para fechar o carnaval de Olinda, a Marim dos Caetés deixa a Praça 12 de Março às 19h com suas fantasias luxuosas em direção às ladeiras.

A festa continua no Recife com mais de 80 apresentações. Tem Monobloco na Linha do Tiro e em Campo Grande, Jorge Aragão em Casa Amarela, e Jota Quest, Café Preto e China na Lagoa do Araçá. No Bairro do Recife, às 23h, Liniker e os Caramelows no palco Rec-Beat, e Siba e Francisco, el Hombre na Praça do Arsenal. Lenine, Alceu Valença, Elba Ramalho, Spok e o Arrastão do Frevo encerram a festa.