A dupla gestação de Luedji Luna Artista baiana apresenta o continente africano atualizado e moderno em novo disco, cujas 12 faixas foram construídas durante sua gravidez

Publicação: 20/10/2020 03:00

Assim como fez no trabalho de estreia, Um corpo no mundo (2017), Luedji Luna lançou de mansinho seu segundo álbum de estúdio, Bom mesmo é estar debaixo d’água, na última semana. O disco foi construído durante a primeira gestação da cantora e compositora baiana, com a ajuda de escritoras e poetas de diferentes gerações. “Me sinto duplamente mãe. Este trabalho é como se fosse o meu segundo filho. Todo o processo de concepção, pré-produção e gravação aconteceu durante a gestação, então ele é atravessado por esse grande portal que é a maternidade’’, afirma.

Com 12 faixas, o álbum conta com um trecho de um poema da mineira Conceição Evaristo em Ain’t got you, uma das duas músicas em que Luedji é somente intérprete - a outra é Origam. Com Cidinha da Silva, outra escritora mineira, a artista escreveu Lençóis, com a participação da poeta brasiliense Tatiana Nascimento. Recado marca a parceria de Luedji com a poeta baiana Dejanira Rainha Santos Melo. Já Erro traz o segundo encontro com a cantora e compositora brasiliense Marissol Mwaba. “É um disco com canções em parceria, majoritariamente. Acho que compor com outras pessoas me levou para outros caminhos melódicos, e isso traz ao disco uma sonoridade distinta.”

O disco mistura jazz e ritmos africanos. As canções nasceram entre a África - mais precisamente o Quênia - e o Brasil, com produção do guitarrista queniano Kato Change e da própria Luedji. “O Quênia foi o primeiro país em que fui na África. Fiz relações estreitas com as pessoas e a cultura de lá”, conta. Segundo ela, enquanto seu primeiro disco significou a busca por uma África ancestral, no segundo, o continente é abordado de forma atualizada e moderna. “Gosto de dizer que o Quênia é a minha Wakanda. Também venho escutando muitos artistas novos da Nigéria, de Cabo Verde, de Gana.”