Morre um dos grandes do teatro Ator, diretor, bailarino, coreógrafo, cenógrafo, figurinista e professor de teatro, o uruguaio radicado em Brasília Hugo Rodas faleceu ontem aos 82 anos

Publicação: 14/04/2022 03:00

Depois de lutar por três anos contra um câncer e sofrer um AVC, o diretor de teatro e professor da Universidade de Brasília (UnB) Hugo Rodas morreu ontem. Uruguaio radicado no Brasil desde os anos 1970, Rodas atuou como ator, diretor, bailarino, coreógrafo, cenógrafo, figurinista e professor de teatro, firmando-se como um dos artistas do teatro mais importantes do seu tempo.

Hugo foi um dos mais conceituados diretores da sua geração, conhecido pela irreverência, versatilidade e criatividade norteadoras da pluralidade de linguagens que caracteriza a sua obra. Alguns dos maiores sucessos de público e crítica da história do teatro e da dança de Brasília têm a assinatura de Rodas. Entre eles Senhora dos afogados (1987), A casa de Bernarda Alba (1988/91), A menina dos olhos (1990/91), Romeu e Julieta (1993/99), O olho da fechadura (1994/95), The Globe Circus (1997), Shakespeare in concert (1997), Arlequim: servidor de dois patrões (2001/02), Rosanegra - uma Saga Sertaneja (2002/05), O rinoceronte (2005/2006), além do memorável Adubo ou a sutil arte de escoar pelo ralo (2005-2015).

A jornada de Rodas no teatro começa em sua terra natal. Na Montevidéu dos anos 1950, ele ingressou na escola-teatro do Teatro Circular, referência do movimento independente uruguaio. Em 1975, veio ao Brasil para se apresentar no Festival de Inverno de Ouro Preto. Nessa época, o Uruguai passava por período de intensa repressão política devido à ditadura militar que se instalou no país entre 1973 e 1985, e a viagem a Minas Gerais mudou a vida de Rodas. Primeiro, ele se mudou para Salvador. No mesmo ano, foi chamado para ministrar um workshop em Brasília, onde decidiu permanecer e construiu uma carreira notável. No Planalto Central, Rodas fundou o Grupo Pitú (1976-1981), com o qual apresentou vários espetáculos.