"O DNA deles sempre estará vivo" Ave Sangria faz um show especial neste domingo em memória a Paulo Rafael, Ivinho, Agrício Noya e Israel Semente, nomes importantes da história do grupo

Rostand Tiago
rostand.filho@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/05/2022 03:00

Neste domingo, no meio de uma retomada cultural, sobe ao palco do Teatro do Parque uma banda que, em cinco décadas, já viveu muitas paradas e reencontros. A emblemática Ave Sangria volta ao Recife para um show especial, que homenageia sua trajetória e os nomes importantes dela que se foram, como o guitarrista Ivinho, o percussionista Agrício Noya e o baterista Israel Semente, além da mais recente partida entre os integrantes originais, a de Paulo Rafael, falecido em agosto do ano passado. Trata-se de uma apresentação que abraça a história e memória do grupo tanto na música, quanto no espaço.

“Nosso primeiro show em teatro foi no Parque, ainda como Tamarineira Village (primeiro nome da banda). Vieram muitos shows e eventos depois, mas aquela noite ficou marcada.  A partir daí, sempre tivemos muito carinho e admiração por um lugar tão bonito que deixou essa marca na gente. Voltar depois desses anos para esse lugar é algo muito especial para nós, ainda homenageando essas quatro pessoas tão importantes”, diz Almir de Oliveira, que, ao lado de Marco Polo, é um dos remanescentes da formação original.

A Ave Sangria defende que a presença daqueles que partiram sempre estará nos palcos em que subirem. Em cada acorde, há o DNA artístico de todos que por lá passaram, em especial pelo modo horizontal de composição que a banda sempre desenvolveu. Ao mesmo tempo, a falta dos companheiros no palco não deixa de ser sentida, ficando “um vácuo, um oco”, como aponta Marco Polo. E a música é a melhor forma que encontram de celebrar a presença e lamentar a ausência.

“Todos nossos arranjos foram feitos coletivamente, às vezes um tomava à frente, Ivinho tinha uma liderança instrumental muito natural, mas todos nós interferimos, dando nossas contribuições.Tínhamos personalidades muito diferentes, Ivinho gostava muito dos agudos, Paulo dos graves, por exemplo, mas achávamos isso importante para construir os timbres e as atmosferas. Então, o DNA deles sempre estará vivo nos shows da Ave Sangria, a nossa sonoridade sempre permanecerá a mesma”, elabora Marco Polo.

Além de Marco e Almir, a Ave Sangria sobe ao palco com Juliano Holanda (baixo), Gilú Amaral (percussão), Júnior do Jarro  (bateria) e Breno Lira (guitarra). Para a dupla original, continuar a tocar e se encontrar com o público é a melhor forma de honrar os antigos companheiros e se manterem vivos. “A gente tem fé no nosso trabalho e não nos aposentaremos tão cedo. É uma necessidade imperiosa, não só econômica, mas também emocional. Se eu parar de cantar, minha vida vai virar um deserto. É um propósito de vida continuar tocando e tentando seduzir as pessoas com a música”, afirma Marco Polo.

Almir faz coro a esse desejo de continuar a história da banda. “Ave Sangria é projeto de vida. Lembro que em São Paulo, com Ivinho, eu disse para ele lançar o disco dele de Montreux, e ele me disse ‘Almir, o que eu quero é isso daqui’. Nos conhecemos em circunstâncias diferentes, mas nos agrupamos quando a música tomou conta da gente e nos juntou enquanto um grupo”, diz. “Fomos juntando as pessoas a partir disso, e elas se encaixaram perfeitamente, porque também se tornou um propósito de vida para elas. Por isso que a Ave Sangria tem a força que tem, no público, na gente e nos nossos amigos que já se foram.”