Uma estreia à la Del Rey Banda pernambucana se rendeu aos pedidos dos fãs e celebra os 19 anos de carreira com o lançamento de seu primeiro trabalho em estúdio, intitulado "O Disco"

Allan Lopes
allan.lopes@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 29/08/2023 03:00

Após 19 anos de estrada no mundo da música, a Banda Del Rey finalmente se rendeu aos pedidos dos fãs e lançou seu álbum de estreia, O Disco, com a intenção de celebrar o trabalho de compositores brasileiros da “Jovem Guarda”. São dez faixas, geralmente vinculadas à voz de Roberto Carlos, já conhecidas pelo público que frequenta os shows do grupo. Chinaina (vocal), Vicente Machado (bateria), Chiquitito Corazon (teclado), Felipe S (guitarra), O Príncipe (guitarra) e o músico convidado Estevan Sinkovitz Neto (baixo) replicam a experiência de um show ao vivo da Del Rey diretamente do estúdio.

O Disco foi lançado em 22 de agosto, a mesma data em que Roberto, Erasmo Carlos e Wanderléa estrearam o programa “Jovem Guarda”, em 1965, na TV Record, dando origem a uma nova linguagem musical e comportamental no Brasil. Porém, Ilegal, Imoral ou Engorda (1976) é a única música do álbum que tem a autoria da dupla Roberto e Erasmo. “A grande sacada que tivemos foi pesquisar um repertório de compositores que ficaram famosos na voz de Roberto Carlos”, explica Chinaina ao Viver. A banda traz obras de Tim Maia, Helena do Santos, Renato Barros, Hélio Justo e outros compositores.

Segundo o vocalista, o título do álbum já havia sido sacramentado há muito tempo. “Há 19 anos tocamos essas músicas e todo mundo pergunta: ‘quando vem o disco?’, ‘quando o disco vai ser lançado?’. Então, na verdade, o nome foi natural”, conta em meio a gargalhadas. A ideia de criar O Disco surgiu da necessidade de preservar algo que as performances ao vivo não conseguem suprir. “Foi durante a pandemia em que a gente começou a falar sério. Temos a banda há tantos anos, por quê não deixar um registro para a posteridade?”, afirma Chinaina.

Afastado das gravações por causa da filha pequena, Felipe S contribuiu nos aspectos técnicos mesmo à distância. “Eu estava em uma fase bem ocupada com questões paternas. Tenho uma filha pequena e fui o único da banda que não consegui ir gravar na casa de China. Foi bacana porque ouvir a banda no palco é uma coisa, e na gravação é totalmente diferente. Mesmo sendo fiéis aos arranjos realizados no show, a gente conseguiu incrementar alguns detalhes na canção”, aponta o guitarrista.

Por outro lado, quem estava no estúdio relata que o desafio foi imenso, apesar de cada arranjo das canções estarem na ponta da língua. “A forma que a gente achou de trazer esse calor foi realmente tocar quase ao vivo. É um disco que não tem edição, como normalmente é hoje em dia”, destaca o cantor. Ele garante que nenhuma das gravações foi interrompida. “A gente se olha e já sabe para onde tem que ir. Foi tudo numa tomada só. Uma para revisar os volumes e na outra já estava valendo.”

Chinaina e Felipe S atualmente estão concentrados na produção de uma série de vídeos que exploram individualmente cada compositor presente em O Disco. “É uma das partes legais do conteúdo que a gente tem, um pouco mais didático, que as pessoas têm acesso a mais informações sobre o autor. Como a gente tem uma distância grande para o movimento da Jovem Guarda, só ficamos sabendo através dos nossos pais, vale esse olhar histórico, não somente nos shows, mas também em nossas redes sociais”, diz Felipe.