Infinitos movimentos da dança Coletivo Acervo RecorDança apresentará obras em vídeo e podcast sobre acessibilidade, frevo e vogue. A i niciativa mostra a reinterpretação da dança

Allan Lopes

Publicação: 06/12/2023 03:00

A dança, com sua sensualidade, cadência, plasticidade, energia ou vibração, desafia as limitações do vocabulário para descrever a riqueza e diversidade de cada manifestação artística ao redor do mundo. Em Pernambuco, o Acervo RecorDança assumiu a responsabilidade para catalogar e difundir as memórias das danças tradicionais e desconhecidas no estado. O coletivo completa 20 anos de atuação com a realização de duas pesquisas: “Memória da Dança em Pernambuco: artistas com deficiência e acessibilidade” e “Comunidades-Dança: que mundos movem?”.

O primeiro projeto mapeou dançarinos pernambucanos com deficiência, assim como criações artísticas com acessibilidade comunicacional. O segundo investigou o conceito de comunidade no campo da dança e se debruçou sobre as realidades do frevo e do vogue. Ambos os trabalhos têm incentivo do Funcultura-PE. Após o lançamento oficial dos resultados, os novos conteúdos serão disponibilizados no site do Acervo RecorDança com acesso público e gratuito.

A pesquisa sobre a participação de PCDs na dança foi motivada pela escassez de registros em Pernambuco. “Era necessário documentar essa memória”, enfatiza Liana Gesteira, componente do grupo de pesquisadoras do RecorDança. Na próxima quinta-feira (14), a partir das 16h, será feita a apresentação pública do projeto, com transmissão ao vivo no canal do Acervo no Youtube. Na live, haverá o lançamento de cinco entrevistas em vídeo - três delas realizadas com artistas da dança que têm algum tipo de deficiência, sendo eles John Lopes, Matheus Pimentel e Victor Marley.

A delimitação de espaço e dinâmica muscular da dança se ajusta à realidade de cada movimento corporal. Liana explica que a plasticidade do frevo, por exemplo, deve ser reinterpretada na perspectiva da mobilidade de artistas com deficiência. “A dança pode existir de diversas maneiras, com limitações e possibilidades. Se existe limitação, há possibilidades a partir disso”. Ailce Moreira, Elis Costa, Ju Brainer e Taína Veríssimo integraram a equipe de pesquisa do projeto.

Para investigar as comunidades de dança em Pernambuco, as pesquisadoras Liana Gesteira e Valécia Vicente se reuniram com artistas de diversas áreas, de danças ciganas à quadrilha, ao longo de cinco meses. E foi nesse processo de troca que o frevo e o vogue foram escolhidos. Amanhã, às 19h, no Clube Vassourinhas de Olinda, serão exibidos dois conteúdos audiovisuais sobre as memórias e o cotidiano da Cia Brasil por Dança, referência do frevo em Olinda há 35 anos, A programação encerra na sexta-feira (15), no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), às 15h, quando será lançado o episódio especial do podcast “Histórias ao Pé do Ouvido – Vogue” e a obra audiovisual “Comunidades-dança: Vogue 4.

Com a publicação das pesquisas, a expectativa do coletivo RecorDança é promover a dança pernambucana e contribuir na elaboração de novos trabalhos científicos sobre a expressão artística. “Trabalhar com acervo é isso: mobilizar, contar e revelar histórias. Além de circular a história de Pernambuco para outras localidades do Brasil, também tem a possibilidade de oferecer o material para pesquisadores e estudantes”, conclui Liana Gesteira.

As comemorações dessas duas décadas de atividades continuam em 2024. Já no primeiro semestre, a equipe do RecorDança irá realizar uma residência com artistas convidados no Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, a partir do projeto “RecorDança 20 anos: política do encontro”, incentivado pelo SIC Recife 2021/2022. Mais informações em breve no perfil do Instagram @acervorecordanca .