ORGULHO DE PERNAMBUCO 2018 » Quando a persistência e a criatividade ganham o mundo Mundo Bita, projeto audiovisual da produtora Mr. Plot, foi o grande vencedor na categoria DP Empresas, novidade deste ano

ANDRÉ CLEMENTE
andre.clemente@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 08/12/2018 03:00

DP EMPRESAS: Chaps Melo

Vamos falar de persistência. Muita persistência. Nada além justificaria investir cada vez mais dinheiro e energia em uma empresa que chegava pelo quarto ou quinto ano consecutivo fechando no negativo. E logo nos primeiros anos de vida. Este cenário ilustra os primeiros passos da Mr. Plot, produtora pernambucana de conteúdos infantis e criadora do Mundo Bita, hoje um sucesso no segmento do audiovisual. Foi uma virada. E que virada.

O que em 2010 era pensado para ser a ilustração das paredes do quarto da filha de Chaps Melo, um dos sócios, em 2018 desembarcava em Las Vegas para a cerimônia do Grammy Latino 2018, o Oscar da música, na categoria melhor álbum infantil. De novo uma virada: o que em 2010 encerrava o ano com um prejuízo enorme e um monte de elogios que até então não capitalizavam em nada a operação, chega ao fim de 2018 com faturamento de R$ 4 milhões, estúdio próprio, mais de dez funcionários e parcerias internacionais para o start na trajetória pelo mundo. O Mundo Bita foi o vencedor da categoria DP Empresas do Grande Prêmio Orgulho de Pernambuco. Como disse um outro sócio, Felipe Almeida: “Muito suor, às vezes, dá nisso.”

Hoje parece que o caminho foi fácil, mas nem sempre a preocupação de Felipe Almeida (CEO), João Henrique Souza (Diretor de Comunicação), Chaps Melo (Diretor de Criação – compositor e intérprete das músicas) e Ênio Porto (Diretor financeiro) com o Mundo Bita era criar conteúdo do produto e planejar a expansão da marca. Apesar de sempre estar no horizonte dos jovens sonhadores atravessar o oceano, o cenário era adverso. O faturamento de R$ 120 mil no primeiro ano de vida, lá em 2010, seria até razoável se o investimento no mesmo ano não fosse de R$ 1 milhão. Tudo para tirar do papel o primeiro produto, Bita e os animais.

“Era o primeiro material que a gente tinha. Muito elogiado, muita gente adorando e nos dando esse feedback que enchia a gente de entusiasmo para continuar trabalhando, mesmo sem ganhar dinheiro. Eu digo que foi sempre o grande motivador para seguir investindo, porque, financeiramente, a empresa ainda não tinha encontrado o equilíbrio. Primeiro por ser de um setor que o custo de produção é muito alto e segundo por precisar de um tempo de maturação para o retorno aparecer. Para se ter ideia, um dos sócios teve que vender um apartamento para investir no negócio e a empresa, já no negativo, fez empréstimos para continuar criando”, lembra Felipe.

O equilíbrio da empresa finalmente veio. Chegou a R$ 1,5 milhão em faturamento em 2016 e mais que dobrou em 2017, atingindo R$ 3,2 milhões. Em 2018, os R$ 4 milhões de receitas parecem um crescimento tímido, mas para eles são mais que números. “É a musculatura que precisava para ganhar o mundo. Atravessando uma crise avassaladora no país, em um setor de alto custo para se produzir, agora a gente se permite avançar sem perder a essência. Aquela essência de que o nosso negócio é prazeroso, é positivo, acrescenta às pessoas e, principalmente, é economicamente viável. A gente sabia disso desde o tempo que os números diziam o contrário. A diferença é que sempre foi (e é até hoje) uma satisfação o astral de trabalhar com o mundo Bita. O objetivo é esse, de nunca perder a essência que existe desde o começo”, destacou Melo.