DIARIO + EDUCAÇÃO » Bolinha de Pelo atende 100 crianças Em Olinda, a Educação Assistida com Animais se utiliza dos cães como recurso mediador no processo de aprendizagem. Os animais são treinados antes

Mariana Fabrício
mariana.fabricio@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 18/10/2019 03:00

Quando recebeu o diagnóstico de autismo do seu filho, Elizângela Araújo, de 37 anos, buscou terapias que ajudassem no desenvolvimento da criança. Com Transtorno do Espectro Autista (TEA) não-verbal, Eitor Fernando, 10, não se comunica através da fala. Após recorrer a diferentes estímulos para melhorar a sociabilidade do filho, Elizângela encontrou na Escola Municipal Pro Menor, no bairro de Rio Doce, em Olinda, um projeto que demonstrou um potencial surpreendente de evolução. Foi a partir da Educação Assistida com Animais (EAA) que Eitor passou a reconhecer e distinguir as cores e melhorou a coordenação motora fina.

Na companhia de Max, um cão da raça Golden Retriever, o menino perdeu o medo que tinha de animais e começou a interagir com a turma formada por outros estudantes com deficiência. Os cães adestrados auxiliam no desenvolvimento das habilidades cognitivas de estudantes matriculados na rede municipal de Olinda através do projeto Bolinha de Pelo. A iniciativa fez três anos no mês de setembro com uma equipe de 10 cães: Fiona, uma Buldogue Americana, Sebastian, um Box e sete Golden Retrievers - Max, Mel, Aurora, Luna, Raio de Sol, Justin, Surf e Dom.

“O autismo não espera. Meu filho precisa de estímulo para evoluir. Logo ele será um adolescente, depois um adulto e eu preciso garantir que ele tenha oportunidades. Nesse processo, muitas vezes a gente se frustra por falta de assistência do poder público. Então, quando vem um projeto desses, que transborda amor, a gente é só gratidão. A equipe tem muita paciência e atenção. Isso foi fundamental para que Eitor sentisse confiança”, comenta Elizângela, que cuida do filho em tempo integral.

Com oito voluntários, a equipe coordenada pela psicopedagoga Cássia Leôncio atende mais de 100 alunos nas salas de recurso multifuncional de nove escolas dos bairros de Ouro Preto, Cidade Tabajara, Jardim Atlântico, Bultrins, Bairro Novo, Caixa D’água, Peixinhos e Rio Doce. No início do projeto, em 2016, dois cães voluntários atendiam apenas 22 estudantes no Centro Integrado de Atenção à Criança Professora Norma Coelho (CAIC). A partir dos resultados positivos e aumento da demanda, outras escolas passaram a receber o projeto.

Todos os cães do Projeto Bolinha de Pelo são treinados e ainda participam do Projeto Cães Doutores, indo a hospitais. Para alcançar ainda mais estudantes, o projeto precisaria de mais material pedagógico, salas maiores, já que apenas um animal muitas vezes atende até 15 crianças, seja por pouco espaço ou pela dificuldade no transporte. “A gente não ampliou ainda porque temos limitações e precisaríamos de melhores condições, escolas com estrutura melhor, mais material pedagógico, além de outros voluntários”, disse Cássia.