Quando o sexo é bom para elas e arriscado para eles Estudo realizado nos Estados Unidos revela que homens mais velhos têm mais risco de sofrer do coração

Publicação: 17/09/2016 03:00

 (Greg/DP)
Relações sexuais frequentes e satisfatórias aumentam o risco de ataque cardíaco entre os homens idosos, mas, inversamente, o orgasmo é benéfico para as mulheres de idade avançada, revela estudo publicado na edição do Journal of Health and Social Behavior (Revista de Saúde e Comportamento Social).

“Estes resultados questionam a muito disseminada ideia de que as relações sexuais melhoram a saúde de todos sem distinção de sexo”, afirma Hui Liu, professor-adjunto de sociologia da Universidade de Michigan, principal autor da pesquisa, a mais ampla já realizada até agora sobre o tema. Os pesquisadores analisaram os dados de um estudo realizado nos Estados Unidos entre 2.204 pessoas de ambos os sexos de mais de 57 anos.

Entre as mulheres idosas, as relações sexuais satisfatórias podem inclusive reduzir o risco de hipertensão. Os participantes do estudo tinham entre 57 e 85 anos no momento dos primeiros resultados do estudo, em 2005-2006. Os dados suplementares foram obtidos cinco anos mais tarde. O risco cardiovascular foi medido em termos de hipertensão, ritmo cardíaco acelerado e da taxa da proteína no sangue chamada C-reativa, que mede o nível de inflamação no organismo.

Os autores também levaram em conta o número de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e insuficiências cardíacas nos diferentes grupos. Os homens idosos que tinham relações sexuais uma ou mais vezes por semana tiveram nos cinco anos o dobro de acidentes cardiovasculares em relação aos que estavam sexualmente inativos.

Segundo Hui Liu, estes resultados sugerem que o estresse e os esforços de uma relação sexual são mais exigentes com a idade para os homens, já que eles têm cada vez menos energia e mais dificuldade para ter uma ereção e atingir o orgasmo.

A diminuição das taxas de testosterona e o uso de medicamentos para paliar as disfunções sexuais também podem contribuir para os problemas cardiovasculares masculinos, afirmam os pesquisadores. Pelo contrário, as mulheres da mesma faixa etária que têm orgasmos intensos - ou simplesmente satisfatórios - reduziram claramente seu risco de hipertensão cinco anos depois do estudo em relação às que não experimentavam prazer.

O hormônio sexual liberado quando uma mulher tem um orgasmo poderia ter efeitos benéficos para a saúde. (AFP)

Sexo maduro

No Brasil, segundo o Estudo do envelhecimento sexual (USP, 2007), as pessoas com 60 anos mantinham, em média, uma relação sexual por semana ou a cada 10 dias. Entre os de 70 anos, a frequência caía para 15 dias.

O que muda para elas
  • Com a chegada da menopausa, por volta dos 45 anos, as mulheres sentem os efeitos da queda dos níveis de estrogênio.
  • Além do ganho de peso, dos sintomas de depressão, das perdas do brilho da pele e dos cabelos, muitas se queixam das transformações na vida sexual. Com a diminuição na produção dos hormônios femininos, a mucosa da vagina torna-se mais fina e fica menos lubrificada. Isso pode provocar dor durante a penetração. A libido também é reduzida.
O que muda para eles
  • O Distúrbio Androgênico do Envelhecimento (DAEM), também conhecido como andropausa ou hipogonadismo masculino, é caracterizado pela diminuição dos níveis de testosterona no sangue.
  • Cerca de 25% a 30% dos homens, entre 50 e 70 anos de idade, enfrentam o problema.
  • O hipogonadismo é uma condição natural, consequente do envelhecimento. No entanto, nem todos os homens apresentam as manifestações clínicas do quadro, que incluem a diminuição da energia, o aumento dos sintomas da depressão, a diminuição da massa muscular, o ganho de gordura corporal, além da redução da densidade mineral óssea.
  • A sexualidade também é afetada nesses casos. Muitos pacientes se queixam da queda da libido, além da disfunção erétil.
Filmes sobre o amor na terceira idade

Ensina-me a viver (1971)

Em funeral de um total desconhecido, Harold (Bud Cort), 20 anos, conhece Maude (Ruth Gordon), mulher de 79 anos, que também tem o hábito de frequentar velórios. Ambos formam vínculo imediato, e Maude mostra a Harold os prazeres da arte e da música e o ensina como “aproveitar ao máximo seu tempo na Terra”.

Elsa e Fred (2005)

Elsa (China Zorrilla) é uma mulher de 83 anos que sonha em conhecer Roma. Fred (Manuel Alexandre) é um recém-viúvo de 80 anos que vê a sua vida ser transformada ao conhecer parceira tão extravagante. Shirley MacLaine e Christopher Plummer foram protagonistas de refilmagem em 2014.

Gloria (2013)

Gloria (Paulina García) é uma mulher de 58 anos, divorciada, que começa a frequentar baladas voltadas à terceira idade, em busca de companhia. Entre encontros e desencontros, conhece Rodolfo (Sergio Hernández), sete anos mais velho, recém-separado e ex-oficial da marinha, por quem se apaixona.

Os belos dias (2013)

A sexagenária Caroline (Fanny Ardant) é uma mulher casada, já aposentada, que se matricula em clube de aposentados. Ela inicia uma relação amorosa com Julien (Laurent Lafitte), jovem professor de informática. Philippe (Patrick Chesnais), seu marido, vai correr atrás para recuperar o amor da esposa.

Um amor de vizinha (2015)

O corretor de imóveis Oren Little (Michael Douglas) tem que cuidar da neta e pede ajuda à vizinha Leah (Diane Keaton), viúva e cantora de pequeno restaurante. Leah ensina a Oren que ainda há tempo para amar e buscar a felicidade. Atenção para a cena em que Oren e Leah conversam sobre sexo.

Grace & Frankie (2015)

Série de comédia original da Netflix. As antigas rivais Grace (Jane Fonda) e Frankie (Lily Tomlin) se unem a partir do momento em que seus maridos assumem o caso que tem há mais de 20 anos. A série toca em diversos assuntos, como drogas, perdão, família, feminismo, os direitos das minorias e, claro, sexo.