Quimioterapia sem queda de cabelo
Touca desenvolvida para pacientes em tratamento de câncer evita efeito que compromete autoestima
Alice de Souza
alice.souza@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 27/01/2018 03:00
Depois das chances de cura, outra pergunta recorrente nos consultórios de oncologia é se o tratamento para o câncer causará queda de cabelos. Durante muito tempo, perder os fios era consequência sem prevenção para alguns tipos de quimioterapia, mexendo com a autoestima e a vaidade, e influenciando na forma como o paciente encarava a doença. Com o avanço da medicina e da tecnologia, o tratamento quimioterápico pode ser realizado sem interferir nas madeixas.
A quimioterapia é uma composição de medicamentos determinada por um protocolo que varia de acordo com cada tipo de câncer e cada paciente. Em geral, as susbtâncias atuam atacando as células. “O folículo piloso, que gera o cabelo, é constituído pela segunda classe de células que mais se multiplicam no corpo humano. A primeira são as do sangue. Quando a quimioterapia é injetada, circula pelos vasos sanguíneos e atinge a maior parte das células do corpo. Aquelas que se multiplicam mais rápido sofrem e morrem”, explica o oncologista do Real Hospital Português José Fernando do Prado Moura.
Entre 60% a 70% dos tratamentos quimioterápicos levam à queda de cabelos. “Quando o cabelo cai, há também a questão do estigma. As pessoas começam a perguntar sobre um diagnóstico que, muitas vezes, é íntimo, o que incomoda alguns pacientes”, complementa Moura. Depois de iniciado, o tratamento costuma levar à queda do cabelo em até 15 dias. Os fios só voltam a crescer entre 30 e 90 dias após o fim dos ciclos de quimioterapia, que costumam durar ao menos seis meses.
No Recife, entretanto, há tecnologia disponível para fazer esses processos quimioterápicos sem perder o cabelo. Trata-se de uma touca refrigerada que atua preservando o folículo piloso da exposição às drogas. “A touca tem sulcos congelados a -4°C que resfriam a cabeça, comprimindo os vasos do couro cabeludo e fazendo uma barreira que impede a entrada do medicamento”, explica a enfermeira do RHP Christiani Muniz Brasil.
O equipamento é colocado cerca de 30 minutos antes do início da terapia e retirado uma hora e meia depois, quando a droga já não tem mais capacidade de atingir o cabelo. A taxa de sucesso é de 80% para os graus severos de perda capilar. “A touca só é indicada para tumores sólidos e não para os hematológicos, como linfoma e leucemia, pois pode proteger ninhos de células que só são vistos nesses últimos”, detalha Moura. As recomendações posteriores ao uso são não lavar o cabelo por 48 horas nem fazer apliques ou alisamento durante o tratamento.
Após descobrir um câncer de mama em 2017, a bancária Christina Moreira, 47, realizou a cirurgia para retirar os tumores, mas sofria ante o risco de ficar calva. Quando foi iniciar a quimioterapia, decidiu usar a touca. “Para mim, perder o cabelo era ver a doença instalada em mim. Mas, se eu estou com cabelo, estou feliz”, recorda ela, que está usando a touca. O equipamento ainda não é custeado pelo SUS nem planos de saúde.
Entenda
Como funciona
O equipamento tem uma espécie de mangueira interna, na qual circula um líquido que é congelado com a ajuda de uma máquina a - 4°C. Com isso, o couro cabeludo fica congelado e os vasos são comprimidos, impedindo a passagem das drogas da quimioterapia. Em consequência, as células são preservadas.
Passo a passo da aplicação
A quimioterapia é uma composição de medicamentos determinada por um protocolo que varia de acordo com cada tipo de câncer e cada paciente. Em geral, as susbtâncias atuam atacando as células. “O folículo piloso, que gera o cabelo, é constituído pela segunda classe de células que mais se multiplicam no corpo humano. A primeira são as do sangue. Quando a quimioterapia é injetada, circula pelos vasos sanguíneos e atinge a maior parte das células do corpo. Aquelas que se multiplicam mais rápido sofrem e morrem”, explica o oncologista do Real Hospital Português José Fernando do Prado Moura.
Entre 60% a 70% dos tratamentos quimioterápicos levam à queda de cabelos. “Quando o cabelo cai, há também a questão do estigma. As pessoas começam a perguntar sobre um diagnóstico que, muitas vezes, é íntimo, o que incomoda alguns pacientes”, complementa Moura. Depois de iniciado, o tratamento costuma levar à queda do cabelo em até 15 dias. Os fios só voltam a crescer entre 30 e 90 dias após o fim dos ciclos de quimioterapia, que costumam durar ao menos seis meses.
No Recife, entretanto, há tecnologia disponível para fazer esses processos quimioterápicos sem perder o cabelo. Trata-se de uma touca refrigerada que atua preservando o folículo piloso da exposição às drogas. “A touca tem sulcos congelados a -4°C que resfriam a cabeça, comprimindo os vasos do couro cabeludo e fazendo uma barreira que impede a entrada do medicamento”, explica a enfermeira do RHP Christiani Muniz Brasil.
O equipamento é colocado cerca de 30 minutos antes do início da terapia e retirado uma hora e meia depois, quando a droga já não tem mais capacidade de atingir o cabelo. A taxa de sucesso é de 80% para os graus severos de perda capilar. “A touca só é indicada para tumores sólidos e não para os hematológicos, como linfoma e leucemia, pois pode proteger ninhos de células que só são vistos nesses últimos”, detalha Moura. As recomendações posteriores ao uso são não lavar o cabelo por 48 horas nem fazer apliques ou alisamento durante o tratamento.
Após descobrir um câncer de mama em 2017, a bancária Christina Moreira, 47, realizou a cirurgia para retirar os tumores, mas sofria ante o risco de ficar calva. Quando foi iniciar a quimioterapia, decidiu usar a touca. “Para mim, perder o cabelo era ver a doença instalada em mim. Mas, se eu estou com cabelo, estou feliz”, recorda ela, que está usando a touca. O equipamento ainda não é custeado pelo SUS nem planos de saúde.
Entenda
Como funciona
O equipamento tem uma espécie de mangueira interna, na qual circula um líquido que é congelado com a ajuda de uma máquina a - 4°C. Com isso, o couro cabeludo fica congelado e os vasos são comprimidos, impedindo a passagem das drogas da quimioterapia. Em consequência, as células são preservadas.
Passo a passo da aplicação
- Ao chegar para a sessão, o paciente tem o cabelo molhado e penteado com um creme
- A touca é colocada na cabeça trinta minutos antes de começar a sessão de quimioterapia para que seja feito o congelamento do couro cabeludo
- O paciente fica com o equipamento na cabeça durante toda a sessão. A temperatura interna é controlada por uma máquina
- Nos primeiros 15 a 20 minutos de uso, é possível que o paciente sinta dor de cabeça
- Depois de finalizada a aplicação da droga, o equipamento permanece conectado à cabeça do paciente por cerca de 1h30
- O equipamento é retirado depois de cinco minutos de desligado
- Usar pentes de dentes largos ou escova macia (como as de bebê) para pentear o cabelo
- Evitar fazer tranças no cabelo
- Não usar pranchas, secadores e outros equipamentos de calor
- Não fazer alisamento
- Não usar tintas e outros produtos químicos no cabelo
- Dormir em travesseiro com fronha de seda ou cetim
- Lavar o cabelo com shampoo e condicionador de pH neutro
- Lavar o cabelo com água morna
- Lavar o cabelo 24 horas a 48 horas antes da aplicação da touca
- Não lavar o cabelo pelas 24 horas depois de aplicação da touca