Cosméticos alternativos para proteger o corpo Em todo o mundo, cresce movimento por substituição de produtos químicos que podem provocar danos à pele por opções naturais

Alice de Souza
alice.souza@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 30/06/2018 03:00

Ao longo das 24 horas que compõem um dia, cada ser humano usa cerca de 10 cosméticos. Pastas de dente, sabonetes e hidratantes, considerados indispensáveis para a higiene de muitos, podem ser vilões para a saúde. Geralmente escolhidos por cheiro ou preferência de marca, mas quase nunca pela composição química, esses produtos costumam ser feitos a partir de substâncias que podem trazer danos ao organismo. Em função disso, começou a se fortalecer em vários países, incluindo o Brasil, um movimento pela substituição desses cosméticos por alternativas naturais, orgânicas e até veganas.

Estima-se que diariamente os seres humanos sejam expostos a pelo menos 160 substâncias ao usar os cosméticos, das quais um terço traria algum risco à saúde associado. Em 2004, surgiu nos Estados Unidos uma campanha pela produção segura desse tipo de produto, a reboque de uma decisão da União Europeia. Em 2003, o bloco proibiu a presença de 1,1 mil substâncias químicas que vinham sendo usadas na produção de cosméticos. O principal alvo da época era o parabeno, química presente em shampoos, sabonetes e desodorantes, associada por alguns estudos à incidência de câncer de mama.

“A nossa pele já tem um filtro de bactérias que age evitando infecções de diversos tipos. No caso do parabeno em alto nível, que tem ação conservante, ele compromete essa microbiota e pode levar a alergias, irritações e inflamações”, explicou a farmacêutica e professora de cosmetologia e estética Mariana Pedrosa. Segundo ela, para pessoas que têm sensibilidade na pele, dermatite atópica e psoríase, os riscos são maiores. Entretanto, na população em geral, essa química pode levar ao envelhecimento precoce da pele, por aumentar a geração de radicais livres.

Em função desses riscos, a procura por cosméticos menos danosos aumenta em todo o mundo. No Brasil, o movimento começou a ganhar força há cerca de dois anos, com o surgimento de companhias dedicadas à fabricação de produtos naturais, orgânicos, veganos e crueltyfree. Cada um atende a uma especificação técnica, mas em geral são cosméticos que levam no DNA a consciência e preservação do meio ambiente.

Os naturais são aqueles que contêm alguma substância natural em sua composição. Os veganos não podem conter nada de origem animal. Os orgânicos devem ter composto vegetal certificado, de acordo com produção e processo de extração. Essas nomenclaturas são definidas segundo certificadoras nacionais e internacionais, o IBD e a Ecocert. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não legislou sobre o setor.

Entenda

Cosméticos naturais

Podem ter, no mínimo 95%, do conteúdo total de matérias-primas naturais. Os outros 5% podem ser constituídos por substâncias sintéticas não proibidas para cosméticos naturais.

Cosméticos orgânicos
Os cosméticos orgânicos devem possuir, no mínimo, 95% de matérias-primas certificadas como orgânicas. Os 5% restantes podem ser compostos por água e por outras matérias-primas naturais. Os cosméticos feitos com matérias-primas orgânicas devem possuir, no mínimo, 70% e, no máximo, 95% matérias-primas certificadas como orgânicas.

Cosméticos veganos
São produtos que não utilizam matérias-primas de origem animal, como cera de abelha, leite ou banha, mas que podem conter ingredientes sintéticos.

Cruelty free
Difere dos produtos veganos. Pode até conter produtos de origem animal, a questão que pesa na certificação é não ter sido testado em animais e não ter gerado qualquer sofrimento de qualquer bicho em seu processo de confecção.