DIARIO + SAúDE » A era digital da saúde As ferramentas tecnológicas ressignificam o atendimento nas instituições, trazendo mais segurança para pacientes e eficiência na gestão

Publicação: 12/09/2018 03:00

Há alguns anos, imaginar um hospital sem papel seria como pensar em algo possível apenas nos filmes futuristas. Em plena era da informação, porém, o futuro já é hoje. E o que era utopia, agora é realidade. Assim como modificou a forma como os seres humanos se comunicam, a tecnologia também mudou a saúde. Primeiro com a modernização de equipamentos e procedimentos, depois com a criação de softwares que permitem gerir de maneira mais eficiente todos os procedimentos dentro de um hospital e eliminar, por exemplo, o uso de papéis. Recife tem um hospital e uma unidade de saúde pública que já nasceram assim, completamente digitais.

São mais de 22 mil metros quadrados de área construída, com 204 leitos, 10 salas de cirurgia. Uma emergência 24 horas com 30 leitos de observação e 40 leitos de Unidade de Terapia Intensiva. Um lugar com capacidade para atender por mês 12 mil pessoas na emergência. É difícil imaginar, mas o Hospital Unimed III consegue organizar o fluxo de circulação e procedimentos que ocorrem nessa infraestrutura sem usar papel. Desde a inauguração, em 2011, a unidade adotou o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Em 2016, por causa disso, tornou-se o primeiro hospital digital da América Latina ao conquistar o nível 7 da Healthcare Information and Management Systems Society (Himss) Analytics, a principal associação de informática em saúde no mundo.

O sistema do PEP permite ao hospital ter armazenados em nuvem todos os dados relativos a cada paciente que deu entrada nos últimos sete anos. Dentro do sistema, é possível resgatar informações sobre todos os exames realizados, inclusive os de imagem, as evoluções e medicamentos que foram tomados. “O hospital integrou todos os setores com dados estruturados, ganhou mais agilidade e segurança no atendimento aos pacientes, garantiu tratamentos mais assertivos e conseguiu diminuir a média de permanência hospitalar e o número de eventos adversos”, explica Paulo Magnus, presidente da MV, empresa responsável pelo Soul MV, tecnologia adotada no hospital.

Com uma média de internamento de mil pessoas por mês, o hospital consegue conferir por meio de códigos de barra todos os medicamentos dados a cada um deles, reduzindo os riscos de erro. “O sistema também permite o cadastro de uma prescrição padrão que ajuda na identificação mais rápida de infecções generalizadas. Enquanto a mortalidade na literatura é de 50%, conseguimos diminuir para 20%”, comenta o diretor médico do Hospital Unimed III, Fernando Cruz.

No Brasil, o prontuário eletrônico do cidadão se tornou obrigatório nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) desde o ano passado. Para a saúde pública, a informatização pode significar tanto uma aliada na produtividade e redução de custos como na identificação epidemiológica. Porém, a ausência de integração e de investimento, ainda torna essa realidade um desafio. No Recife, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Imbiribeira pode ser considerada uma vanguarda no setor.

Com mais de 60 mil prontuários cadastrados, essa UPA utiliza o sistema eletrônico de prontuário desde 2011. “Existe uma série de indicadores que conseguimos medir, como o percentual de óbitos de pacientes admitidos aqui. Em situações de surto, como o de dengue no ano passado, conseguimos gerar dados do percentual de aumento da doença na unidade. Com isso, passamos para a secretaria de saúde e tomamos medidas internas com mais segurança”, diz o diretor médico da UPA Imbiribeira, Marcelo Silveira. Os dados de 96 indicadores são analisados todos os meses pelas equipes.