DIARIO + SAúDE » A tecnologia revoluciona a saúde O braço de um robô é a extensão do braço do cirurgião, enquanto o diagnóstico realizado por inteligência artificial é apenas o resultado do que a máquina aprendeu com quem a criou e a alimenta

Publicação: 12/09/2018 03:00

A tecnologia está revolucionando a saúde. Atualmente, 60 milhões de pessoas em todo o mundo usam redes sociais para atividades relacionadas à área de cuidados com o próprio corpo. Para essas pessoas e para os profissionais que lidam com elas, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros, já existem mais de 9 mil aplicativos desenvolvidos. Ao contrário do que se imaginava no passado, a tecnologia não veio para ser inimiga, mas aliada para a promoção da saúde da população. Pernambuco, considerado um dos principais polos médicos do país, é exemplo disso.

O estado é berço e cenário para testes e implementação de iniciativas pioneiras no Brasil no que diz respeito ao uso da tecnologia a serviço da saúde. Tanto o serviço público quanto o privado têm encontrado no mundo digital formas de tornar a saúde menos burocrática e mais atrativa para a população, unindo inovação e humanização. Para o secretário de saúde do Recife, Jailson Correia, a revolução digital gera a necessidade de reinventar muitas práticas até então sedimentadas na saúde. Por outro lado, por mais revolucionário que seja um ambiente tecnológico, a profissão de saúde seguirá imprescindível.

“Em nenhum momento, irá se prescindir da necessidade terapêutica da interação entre pessoas com formação em saúde. Mesmo que haja uma revolução do perfil profissional, que existam algoritmos de decisão diagnóstica, sempre será importante ter alguém para julgar aquela decisão, diagnosticar, relacionar a situação biopsicossocial para indicar determinado caminho de tratamento”, diz.

O gestor de Projetos do Hospital Santa Joana, Amilcar Correa, ressalta a importância de aliar a tecnologia e fator humano. Para ele, esse é um desafio permanente. “Toda tecnologia deve, antes de tudo, ser vista como uma ferramenta. E como tal não poderá substituir a mão que toca, que oferece carinho, que ampara, que cuida. Cuidar do humano que opera a tecnologia é tão ou mais importante que simplesmente utilizá-la”, afirma. O braço de um robô, pontua, é a extensão do braço do cirurgião, que é a extensão de algo muito maior, enquanto o diagnóstico realizado por inteligência artificial é apenas o resultado do que a máquina aprendeu com quem a criou e a alimenta.

“A inovação não é um conceito novo”, lembra Amilcar. O que é novo, segundo ele, é a velocidade com que se desenvolve, se propaga e se vende tecnologia. E como o segmento de saúde lida com vidas, o ciclo de aplicação e inserção das inovações tecnológicas não é tão curto quanto se pensa. Exemplo disso são as cirurgias robóticas. “Uma quantidade gigantesca de investimento foi feita para que chegássemos aonde chegamos e mais investimento será necessário para o rompimento de novas fronteiras”, completa.

A nova dinâmica impõe que os profissionais de saúde estejam atentos ao que há de mais moderno e também mais antigo, para fazer a conexão entre o mundo virtual, os equipamentos e a necessidade real da população. Eles já são e, precisam assumir isso, nativos digitais, na visão do médico e CMIO da MV, Kleber Araújo. “Indico aos jovens profissionais de saúde que se engajem na construção das soluções digitais para que sejam desenvolvidas contemplando o melhor interesse para o cuidado com os pacientes”, conclui. Nas próximas páginas, o Diario mostra como isso vem sendo realizado na prática.