DIARIO + SAúDE » Turismo perde a carona na saúde Pernambuco não consegue canalizar seu potencial de segundo maior polo médico do país para acelerar os números turísticos nesse segmento

Publicação: 12/09/2018 03:00

Apesar de apresentar um cenário de tanta excelência técnica e profissional e ser considerado o segundo maior polo do país nesse segmento, o chamado turismo médico ainda é bastante tímido. Danielle Nogueira, vice-presidente da Associação Mundial do Turismo de Saúde e Bem-Estar, conta que a vertente internacional desse turismo em Pernambuco não chega a 1%. Entre os números nacionais, 50% são de pacientes oriundos do próprio estado, segundo dados estimados, calculados a partir de pesquisa realizada pela Empetur.

“Como o turismo de saúde internacional nunca foi foco ou esteve dentro de um projeto organizado da Secretaria de Turismo, a pesquisa realizada na Alfândega também não é direcionada para isso. Ainda de acordo com esse cálculo, a quantidade desses hóspedes girou em torno de 2.200. O que significa um número muito pequeno”, afirma Danielle.

Recife, principal polo médico da região, é o segundo do país em relação à arrecadação, com serviços e equipamentos de saúde qualificados. Como muitos hospitais têm qualidade e infraestrutura com selo de qualificação internacional, poderia haver, então, segundo Danielle, um direcionamento maior para o turismo de saúde internacional, que favorecesse a vinda desse turista que agrega valor ao trade de turismo. “A capital pernambucana, atualmente, possui potencial, conexões e produtos, mas não o desenvolvimento efetivo do modelo de negócio. O aumento das conexões aéreas internacionais da cidade, que aconteceu nos últimos 2 anos, faz com que ela esteja conectada com grandes polos emissores do turista internacional de saúde, porém não existe nenhum plano estratégico do governo, não é realizada nenhuma promoção direcionada para esses mercados, que é verdadeiramente bilionário”, conclui.

Artur Maroja, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH), compartilha da opinião de Danielle. Ele afirma que o turismo médico acontece, geralmente, a partir de cidades onde se têm pouca infraestrutura (países da África, como Cabo Verde) ou onde o atendimento é muito caro (Portugal). Conta que portugueses, por exemplo, procuram locais onde os valores dos procedimentos são mais acessíveis, mesmo adicionando-se o custo da viagem. Além disso, geralmente, depois do tratamento, eles passam mais algum tempo viajando em lazer antes de voltar para casa. “Pernambuco tem esta estrutura para atendê-los. O que falta é captação e fomento desse turismo nos mercados emissores. Já existe, entretanto, um grupo de trabalho do turismo de saúde em Pernambuco composto por entidades como ABIH, Abrasel, associações médicas e hospitalares para trabalhar junto com o governo no intuito de desenvolver esta atividade a médio prazo”, conta.

Saiba mais
  • Esse é um mercado que cresce no mundo e Pernambuco ainda não conseguiu absorvê-lo
  • US$ 439 bilhões - quanto movimenta o mercado de turismo de saúde no mundo, segundo o Visa e Oxford Economics
  • 25% - taxa de crescimento projetada ao ano para a próxima década
  • 3% a 4% da população do mundo, estima-se, viajará, internacionalmente, para cuidados de saúde e tratamentos médicos
  • 2º destino no mundo em 2018, considerado pela Medical Tourism Association (EUA), o maior observatório de turismo de saúde do mundo, é o Brasil