Meningite: informação é arma contra o medo Campanha da Sociedade Brasileira de Imunizações destaca importância das vacinas contra infecção que pode se tornar mortal

Anamaria Nascimento
anamaria.nascimento@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 20/04/2019 03:00

Temida pela população devido à alta letalidade, a meningite mata um a cada cinco que desenvolvem a doença. Apesar disso, a adesão às vacinas disponibilizadas gratuitamente na rede pública de saúde está abaixo da esperada pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Para alertar sobre a importância da prevenção da meningite, foi pré-lançada nesta semana a campanha nacional Meningite: a Informação Vencendo o Medo, em alusão ao Dia Mundial de Combate à Meningite, lembrado anualmente em 24 de abril.

Em Pernambuco, a taxa de abandono da vacina meningocócica C - oferecida na rede pública - é de 5% a 10%, acima do índice ideal, que é de 5% ou menos. “Só temos vacinação adequada se tivermos esquemas completos”, enfatiza a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues. Atualmente, o PNI oferece nas unidades públicas de saúde a vacina contra a meningite C, a que tem maior incidência no país. Estão disponíveis ainda as imunizações Hib e VPC10, que protegem contra Haemophilus influenza b e a meningite neumocócica. As vacinas meningocócicas B e ACWY, por outro lado, são oferecidas apenas na rede particular.

Quando a vacina meningocócica C passou a ser oferecida gratuitamente para menores de 5 anos no Brasil, em 2010, essa variação da doença respondia por mais de 80% dos casos no país. Desde então, o número de casos de meningite meningocócica em menores de 2 anos caiu 70%, e a participação do tipo C no total de casos de doença meningocócica passou a ser de 59% — a grande maioria em pessoas acima de 5 anos. Por isso, o Ministério da Saúde decidiu estender a vacinação para adolescentes de 11 a 14 anos.

Com a redução do tipo C, o tipo B passou, proporcionalmente, a prevalecer em algumas faixas etárias nas quais era o segundo mais frequente. Entre menores de 5 anos, por exemplo, esse tipo já é responsável por 60% dos casos. Outra meningite bacteriana frequente no Brasil é a neumocócica. Existem mais de 90 sorotipos de pneumococos, mas as vacinas são capazes de prevenir os responsáveis pela maioria dos casos de doença pneumocócica grave, incluindo a meningite. “Não temos disponibilidade de todas as vacinas para todos, então começamos o programa garantindo-a para o grupo que mais precisa e que tem impacto imediato. Depois, negociamos a ampliação do programa de vacinação”, explica Domingues.

De acordo com a vice-presidente da SBIm e membro do Comitê Consultivo da Vaccine Safety Network (VSN), da Organização Mundial da Saúde (OMS); Isabella Ballalai, a vacinação no tempo correto, aquele indicado nos calendários de vacinação, é fundamental na prevenção da doença. Isso porque o período de incubação da meningite meningocócica é muito curto.

Assim, não há tempo suficiente para a vacina proteger após a exposição. Além disso, não há como saber rapidamente a bactéria e o tipo em questão. Muitas vezes, sequer é possível chegar a essa resposta. “O medo da doença move a população e há uma corrida aos postos de vacinação quando um caso é registrado, mas é preciso esclarecer que não há motivo para pânico e que a prevenção é o melhor caminho”, pontua.