Natureza ajuda na saúde mental Crianças que vivem essa experiência podem se tornar adultos menos vulneráveis à depressão e nervosismo

Publicação: 25/05/2019 03:00

O contato com a natureza durante a infância pode gerar benefícios à saúde mental na idade adulta, preservando indivíduos de males como depressão e ansiedade. Pesquisadores do Instituto Barcelona para a Saúde Global (ISGlobal) identificaram essa relação preventiva ao avaliar dados de quase 3.600 adultos moradores de quatro cidades europeias: Barcelona (Espanha), Doetinchem (Holanda), Kaunas (Lituânia) e Stoke-on-Trent (Reino Unido). O resultado do trabalho foi divulgado no International Journal of Environment Research and Public Health.

Wilma Zijlema, pesquisadora do ISGlobal e coordenadora do estudo, ressalta que as conclusões “mostram a importância da exposição infantil aos espaços naturais para o desenvolvimento de uma atitude que valoriza a natureza e um estado psicológico saudável na vida adulta”. A especialista lembra que 73% da população da Europa vive em áreas urbanas com acesso frequentemente limitado a espaços verdes. Em muitos outros países fora do continente, o cenário não é diferente. “Portanto, é importante reconhecer as implicações do crescimento em ambientes com limitações oportunidades de exposição à natureza”, acrescenta.

Os autores do estudo defendem que o contato com a natureza passe a ser uma preocupação de autoridades de saúde pública e que, de alguma forma, seja considerada um cuidado essencial para o desenvolvimento infantil, como a vacinação. “Muitas crianças levam um estilo de vida em ambientes fechados. Por isso, seria desejável que os ambientes naturais estivessem disponíveis, fossem atraentes e seguros. Fazemos um apelo aos formuladores de políticas para melhorar a disponibilidade de espaços naturais para elas”, frisa Mark Nieuwenhuijsen, diretor da Iniciativa de Planejamento Urbano, Meio Ambiente e Saúde da ISGlobal.

A exposição a ambientes externos naturais têm sido associada a vários benefícios à saúde, incluindo melhor desenvolvimento cognitivo e físico. Porém, segundo o ISGlobal, poucas pesquisas exploraram o impacto dessa experiência ao longo da vida e a maioria considera mais espaços verdes (jardins, parques urbanos etc.) do que espaços azuis (lagoas, rios, lagos e praias, por exemplo).

Desta vez, a equipe usou um questionário com perguntas referentes à frequência com que adultos, quando crianças, frequentaram espaços naturais intencionais, como ir a um parque natural, e os espaços não intencionais, por exemplo, brincar em um quintal. Os participantes também responderam sobre o contato com a natureza na vida adulta: se sentem satisfeitos com essa experiência e a importância que dão aos espaços verdes. (Correio Braziliense)