Uma cidade dentro de casa Planejar a reforma do lar para deixá-lo com a cara do dono é o desejo de todo proprietário. E quando a inspiração vem de uma cidade o resultado pode surpreender

Débora Eloy
debora.eloy@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 20/04/2019 03:00

Viajar e conhecer lugares novos é uma das melhores formas de alimentar a alma. E quando se descobre um lugar especial não dá mais vontade de voltar. Mas, para quem não pode ficar no lugar de desejo, uma saída é recriar um pedaço dessa cidade. E por que não reformar a casa em homenagem a esse lugar? Tomando como inspiração um bairro ou até mesmo uma rua, é possível criar um ambiente acolhedor para ser chamado de lar.

Foi isso que aconteceu com o servidor público Michel Sued. Depois de uma viagem a Ouro Preto, em Minas Gerais, ele se apaixonou pela cidade histórica. “Eu não conseguia me sentir em casa no meu antigo apartamento, só via como um local para dormir. Por isso, pedi ajuda a Marcílio (Bezerra) para me ajudar com a reforma e me inspirei na decoração mineira para isso. Decidi fazer essa mudança em agosto do ano passado. Em setembro começaram as obras e em dezembro estava tudo concluído. E o resultado ficou do jeito que eu queria”, declara.

A princípio, o projeto deveria ser realizado em Gravatá. “Porém, a casa que eu pretendo construir lá ainda não havia sido feita e por enquanto só tem o terreno. Por isso decidimos que seria melhor fazer no apartamento onde moro, em Candeias (Jaboatão dos Guararapes). Eu precisava de um lugar que eu me identificasse e com um espaço reservado para trabalhar. Então partimos disso”, explica Michel.

Ouro Preto, como uma cidade interiorana, histórica e com muito verde, não podia faltar dentro da casa de Michel. A aposta principal foi em madeiras e plantas. “O cliente disse que queria mudar tudo, então trabalhamos juntos para deixar a casa de um jeito mais aconchegante. Começando pela sala, a parede atrás do sofá que de início era para ser de pedras, mas ficou toda em um porcelanato que remete à madeira, mesmo material utilizado na sala de jantar. Ainda sobre revestimento na sala, atrás da TV foi utilizado o cimento queimado. Já no banheiro, o porcelanato utilizado foi todo com detalhes em folhas, bem sutil com fios dourados”, especifica Marcílio Bezerra, designer responsável pelo projeto.

A escolha do que fazer com a parede da sala foi pensada em conjunto tanto pelo cliente quanto pelo designer. “Eu não sabia direito o que queria fazer com a parede. Se deixava branca do jeito que estava ou se colocava algum papel de parede. Até que Marcílio me mostrou o que dava para fazer com o cimento queimado e ficou muito legal”, destaca Michel. O designer explica o porquê dessa escolha. “Como o projeto era unir o rústico com o moderno, nada melhor do que esse cinza do material que une essas duas características muito bem”.

Toda a iluminação da casa foi pensada para ser funcional e harmonizar com a proposta. Na sala de jantar, luminárias de palha. Na sala de estar, LED. “Ainda pensando na união do clássico com o atual, existe muita palha em vários objetos da casa. E com a iluminação não foi diferente. Por outro lado, na sala, o teto possui um GAP, como se fosse uma entrada, com luzes de LED. Além de iluminações mais diretas espalhadas pela casa”, destaca Marcílio.

Além dos materiais em porcelanato, as paredes ainda recebem destaque pelos quadros expostos. “Consegui uma fotografia de Ouro Preto feita por uma amiga. Essa imagem não tinha pretensão nenhuma de se tornar um quadro, mas casou tão legal com o espaço que resolvi pendurar logo na entrada. Já na sala de jantar existe mais um quadro de Minas Gerais e outro que remete ao Sertão do estado”, comenta Michel.

Para se encaixar nas demandas do servidor público, os móveis foram planejados para dar praticidade no dia a dia. Outro destaque da casa é a varanda, que foi integrada à sala e agora é um local de descanso. “Não só no espaço zen, mas na sala como um todo existem objetos decorativos que foram escolhidos para exaltar a cultura local. Trabalhos em sucata, madeira e barro, como uma peça de Mestre Nuca, fazem parte da decoração de Michel”, declara Marcílio.

Para o escritório, o quarto da bagunça do servidor público precisou ser adaptado. “Eu precisava de um espaço para trabalhar. Para isso, o designer criou um móvel pensando no espaço para guardar meus livros e, no local, coloquei uma escultura de Ariano Suassuna para homenagear o grande escritor paraibano- pernambucano”, finaliza Michel.