Contra a intolerância religiosa

Publicação: 10/09/2016 09:00

Pertencer a uma minoria no Recife não é fácil. Alberto Bret (Rashid) tem consciência disso, embora avalie que o islamismo tem sido tratado com mais respeito pela população da capital. De acordo com ele, os casos de preconceito religioso geralmente miram as mulheres por conta da vestimenta característica. “Algumas já foram chamadas até de mulheres-bomba na rua”, lamenta o conselheiro.

Para o pós-­doutor em ciências sociais e jurídicas pela Universitat de Barcelona e em sociologia pela UFPE, Marcos de Araújo Silva, uma das causas da intolerância tem sido a maior visibilidade do Estado Islâmico na mídia sem a devida contextualização histórica do mundo muçulmano. “Desde o assassinato dos franceses que trabalhavam na revista Charlie Hebdo, em janeiro de 2015, vem ocorrendo um aumento significativo da islamofobia”, analisa.

Colegas muçulmanos dele que vivem no Recife e em Olinda chegaram a comentar sobre os estereótipos que precisam quebrar. “Uma senhora muçulmana que mora em Afogados, por exemplo, me disse que evita sair de casa e se deslocar em transportes públicos. Já cansou de ouvir ofensas que a machucam profundamente”, recorda Marcos, que também é pesquisador do Instituto de Estudos da América Latina da UFPE.