EDUCAçãO » O colégio é mediador das potencialidades

Publicação: 22/06/2019 03:00

Cofundador, diretor de Operações e professor de Física e Design Maker  do Colégio Planck, diretor executivo por 14 anos de Sistema de Ensino, André Guadalupe é também fundador e CEO da AOG Consultoria Educacional Artesanal, palestrante nacional sobre Escola de Alto Desempenho, head de educação do instituto INVOZ, investidor anjo e mentor de Startups na área de tecnologia e educação, membro do Grupo de Educadores Google. Graduado em Engenharia Aeronáutica no ITA, MBA em gestão estratégica pela ESPM e com especialização em Thinking and Learning in the Maker-Centered Classroom pela Harvard Graduate School of Education.

Entrevista - André Guadalupe // professor de física e design maker

Alunos construindo seus projetos de vida dentro da escola são processos muito inovadores em tempos atuais no que diz respeito a nossas escolas tradicionais. Como funciona a proposta de ensino Planck?
A proposta do Colégio Planck é ser uma escola absolutamente humanizada e personalizada. Ou seja, nossa tese é que com uma personalização e uma humanização no tratamento dos alunos e alunas de forma muito individual, entendendo as características de cada um como pessoa: suas fragilidades e suas potencialidades e o Colégio atuando como um mediador de fomento dessas potencialidades e resgate dessas fragilidades, a gente consegue ter uma escola com resultados muito superiores a uma escola que foca apenas em resultado. No Colégio temos três grandes pilares que são o saber, o saber fazer e o saber ser. O saber é o intelecto onde o sarrafo é alto, temos o nível de professores muito competente, muito focado, um nível com que é dado cada uma das disciplinas do ensino médio, física, química, filosofia, sociologia, história, é bastante alto porque é a última oportunidade que o aluno tem de verificar todas as disciplinas de forma vertical. O saber fazer é a energia que é como ele se posiciona, como ele encara, se ele não tiver alegre, feliz, não tiver com brilhos nos olhos não tem aprendizado, então a escola tem que proporcionar isso. Saber ser é a emoção que é como ele lida com o seu erro, fracasso, a resiliência, o sucesso, a empatia, o amigo, a generosidade, a colaboração, o companheirismo, que são as responsabilidades socioemocionais que são as famosas Softs que usam as habilidades do século 21. O colégio Plack tem uma proposta de ter um acadêmico muito alto, um sarrafo bastante alto, mas ao mesmo tempo uma personalização muito grande no processo de ensino e aprendizagem. Esses são uns dos grandes diferencias do colégio, temos conseguido com isso ter um aluno mais feliz, mais engajado e com mais aprendizado, que o fundamental, o aluno que aprenda a absorver conhecimentos, aluno que goste de ser culto, o aluno que veja valor no aprendizado e que entenda que nessa vida ele vai ter que viver sempre aprendendo e se reciclando, e o melhor ambiente pra ele aprender isso, é o ambiente escolar.  

Educação inovadora e humanizada, um ambiente fora do tradicional está alinhado com a BNCC. Como vocês colocam na prática o saber, o saber fazer e o saber ser?
Umas das maneiras da gente desenvolver as potencialidades dos alunos é oportunizar esses alunos para que eles desenvolvam projetos nas áreas, nas disciplinas que eles têm maior afinidade, então tem que se colocar uma linha mínima de aprendizado em todas as disciplinas e essa linha mínima não é baixa e a forma como é feito é o grande diferencial, como é muito mais importante do que o “Q”, então o que é definido que é o conteúdo da educação básica definida nos parâmetros nacionais curriculares, o “como” é o que o colégio pode fazer complementarmente diferente.

Então na pratica e alinhado à nova BNCC o colégio oferece trilhas pra que os alunos desde o período de manhã quanto também no contraturno possam intensificar o estudo nas áreas de maior interesse, isso gera  sem sombra de dúvidas um engajamento muito maior, ele passa a gostar muito mais da escola, a escola tem muito mais significado pra ele porque as matérias que ele gosta, as matérias que ele tem mais afinidade são matérias onde a dedicação é muito mais suave, a dedicação é muito mais linear, então com isso faz com que ele goste mais, aprenda mais, estude mais, e se engaje mais, e obviamente a partir do momento que ele está feliz, que ele vê sentido nesse conhecimento até as disciplinas onde ele em “tese” gosta menos, ele passa a ter um interesse maior.

Vale lembrar que um dos pontos chaves desse processo é o professor, pois o aluno primeiro se inspira no professor.  O professor é uma peça chave no processo.

Como é realizada a qualificação dos professores, e como conseguem o engajamento dos mesmos para atuar de forma tão inovadora?
Sem sombra de dúvidas tem que ter investimento, pois o professor é a chave do sucesso, o aluno primeiro compra o professor para depois comprar a disciplina, é o professor que a cada semana, a cada interação, a cada momento vai estimular o aluno na busca pelo aprendizado, pelo fascínio que aquela disciplina pode ter na vida do aluno, o professor é a peça- chave da escola. O Planck tem um processo muito criterioso de contratação, de seleção de professor, os professores têm que ter dentro de uma rubrica muito especifica e muito ampla do Colégio Planck, ele tem que ter uma formação acadêmica grande e muito profunda, tem que ter experiência no segmento que ele atua, ele tem que ter empatia pelo aluno, gostar de novas tecnologias, gostar de experimentar metodologias ativas em sala de aula, ele não pode ter medo de errar e ele tem que comungar dos propósitos, dos valores da escola, e se preocupar com o autoconhecimento dele e as habilidades socioemocionais dele, porque é impossível avaliar o aluno e fomentar o aluno se o professor não for um professor com um bom alto conhecimento e também com boas habilidades socioemocionais.