Com um toque nacional
Na semana do crepe, conheça restaurantes cujo cardápio adapta a receita ao sabor local
Alef Pontes
Especial para o Diario
gastro@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 28/01/2017 03:00
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Capricha no recheio!
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No dia 2 de fevereiro, é comemorado o Dia do Crepe, receita tradicional francesa incrementada em casas pernambucanas com ingredientes jamais imaginados no país europeu
A cada dia 2 de fevereiro, a França celebra uma de suas mais belas tradições populares com as festividades religiosas do Dia da Luz (La Chandeleur), em homenagem à Nossa Senhora da Luz. A festa celebra ainda a data em que Jesus foi apresentado ao templo pela primeira vez no credo cristão, além de ser uma data em que se pratica o hábito francês de comer crepes. É que na data reservada à santa, a gastronomia do país também comemora o Dia do Crepe. O prato, bastante popular por lá, ganhou o mundo e chegou até a mesa dos brasileiros. Em creperias, food trucks ou em barraquinhas armadas na rua mesmo, a iguaria é popular, mas bem diferente do prato habitual europeu. Professor do curso tecnólogo em gastronomia do Senac, Robson Lustosa relembra que o crepe (ou a crepe, do francês pâte à crêpe) tem origem em outra iguaria e tem sabor bem mais sutil que a versão brasileira.
“Antes de ser difundida em todo o mundo, a crepe foi criada inicialmente na região de Bretanha, a partir da gallete, feita com trigo sarraceno”, explica Lustosa. A base da receita é a mesma para todos: farinha, trigo, ovos, leite ou água. No crepe, é possível encontrar versões doces e salgadas, como estamos acostumados. “A gallete clássica francesa é rigorosamente recheada com presunto cozido e queijo, arrematando com um ovo frito em cima”, adverte o professor. “O brasileiro exagera nas misturas, na combinação, no tamanho do recheio, enquanto crepe na França é algo muito básico. A maior parte dos recheios é inventada para o gosto daqui”.
Responsável pelo menu do Bercy, o chef Joca Pontes conta que, quando começou a montar o cardápio da casa, em 2004, tomou como inspiração justamente a preferência pelos recheios mais elaborados: “A ideia foi tentar imaginar como um prato completo”. Daí surgiram as mais diversas elaborações, como o inusitado crepe Champagne, recheado por queijo gruyère, frutas vermelhas e amêndoas.
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O Bonne nouvelle é um dos sabores oferecidos pela Montmartre, tocado por Cecília Montenegro |
Após uma temporada morando em Paris, Cecília Montenegro retornou para o Recife com a vontade de trazer parte dos sabores tradicionais de lá. Foi assim que projetou a Creperia Montmartre: para ser um pedacinho da França no Recife. “No início, a gente foi bem radical e decidiu não aceitar mudanças nas receitas. Eu admiro muito esse cuidado pelo tradicionalismo que a França tem em sua gastronomia”, revela. Com o tempo, acabou cedendo aos constantes pedidos do público e se adaptou à vontade local. Ela lembra que o primeiro crepe “à brasileira” a ser introduzido foi o Cartola. “O comportamento gastronômico das pessoas tem mudado em direção à liberdade de escolha nos pratos”, analisa. Uma das opções mais exóticas da Montmartre leva curry, camarão, queijo gruyère e cogumelos.
Pioneira no preparo de crepes no Recife, no ramo há mais de 26 anos, a creperia Anjo Solto se tornou referência em variedades: das 20 receitas inicias, a casa saltou para ousadas 112 opções na carta. “O pernambucano mostrou que gosta de crepe. Um tipo adaptado de crepe”, reforça a sócia Ângela dos Anjos. No início, segundo narra, até tentou introduzir sabores tradicionais, mas eles não encontravam demanda e acabaram dando espaço à criatividade. “Trabalhar com um clássico é sempre um grande desafio”, atesta. Hoje, além dos recheios, o cardápio procura inovar também nas massas, com opções de quinoa, integral e arroz, inserção de insumos inusitados como café e cereja e até uma variedade de crepes gratinados, além de opções para celíacos e veganos.
Saindo pela tangente do tradicionalismo, os food trucks têm se mostrado uma alternativa para quem busca aliar a facilidade do preparo dos crepes com a popularidade das lanchonetes sobre rodas. A praticidade motivou o estudante de gastronomia Almirberto de Almeida a investir em trailers especializados em crepe, com os crepes em cone da rede CalanGourmet. “Nesse formato, é possível oferecer um atendimento rápido e prático. O cliente pega e já pode sair comendo”, defende. A comodidade se reflete também nas receitas simples, à base de carnes e queijos.
ONDE COMER
Anjo Solto
Onde: Galeria Joana D’arc - Avenida Herculano Bandeira, 513, Pina - e Rua Esmeraldino Bandeira, 106, Graças
Telefone: 3325-0862
Bercy
Onde: Estrada do Encanamento, 341, Parnamirim
Telefone: 3441-7938
CalanGourmet
Onde: Rua Real da Torre, 1022, Madalena
Telefone: 99909-4979
Creperia Montmarte
Onde: Rua Alfredo Fernandes, 110, Casa Forte
Telefone: 3268-7278
Creperia de Olinda
Onde: Rua Prudente de Morais, 168, Carmo
Telefone: 3429-2935
Rouge Creperia
Onde: Praça de Casa Forte, s/n)
Telefone: 3040-2552
Receita
Ingredientes:
500 ml de leite
240 gramas de farinha de trigo
3 ovos
50 gramas de manteiga sem sal derretida
1 pitada de sal
Modo de fazer:
Misture a farinha com o sal. Adicione os ovos, seguidos do leite e por último a manteiga derretida, mexendo vigorosamente. Caso forme grumos, passe por uma peneira. Deixe descansar na geladeira por 30 minutos. Assar os crepes em frigideira antiaderente ligeiramente untada com manteiga. Asse dos dois lados (cuidado para não passar muito tempo no fogo, ou a massa resseca). Recheie com ingredientes de sua preferência.