É verão na passarela Tendências para o Verão 2019 cruzam as passarelas da Miami Swin Week, nos Estados Unidos, e "biquínis" de fita isolante, viralizados por Anitta, viram artigo fashion da moda internacional

Larissa Lins
larissa.lins@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/07/2018 03:00

Assimetria, modelagens esportivas, handmade e amarrações protagonizaram os desfiles da Miami Swin Week, considerado o maior evento de moda praia do mundo, cuja edição foi dedicada às apostas para a temporada de Primavera-Verão 2019. Biquínis, maiôs, saídas de banho, vestidos e macacões no estilo resort cruzaram a passarela norte-americana, mas foram as fitas isolantes que roubaram a cena: com popularidade garantida no Brasil pelo clipe Vai malandra (Anitta, MC Zaac e Maejor ft.Tropkillaz e DJ Yuri Martins), as fitas fizeram nascer produções futuristas e tribais durante a performance do Black Tape Project, do fotógrafo e designer Joel Alvarez. Das versões tradicionais (pretas) às douradas, chamou a atenção o uso inventivo do artigo – que, entre os brasileiros, é tradicionalmente associado às técnicas de bronzeamento propagadas pela carioca Erika Bronze, em sua laje no Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Responsável por criar o modelo usado por Anitta em Vai malandra, a brasileira é considerada pioneira no segmento e concentra mais de 120 mil seguidores no Instagram (@erikabronzeoficial), enquanto o Black Tape Project (@blacktapeproject) soma 272 mil. No caso de Alvarez, a busca pela “marquinha” perfeita dá lugar a colagens diversificadas – em seu perfil no Instagram, pode-se ver maiôs, braceletes, meias e vestidos adesivados sobre os corpos. “Tudo era ainda muito experimental, e o olhar de confusão no meu rosto é impagável. Esse projeto demanda cerca de meia hora de produção. Mas, naquela época, precisei de, pelo menos, duas horas de tentativas e erros. Testando diferentes fitas e técnicas de aplicação. Foi aí que desenvolvi a maior parte do meu estilo e velocidade”, escreve o designer numa publicação recente, referindo-se a uma fotografia de 2008. Os registros esclarecem que a produção de Alvarez acumula mais de uma década de experimentações. Mas coube à internacionalização da fita isolante nas passarelas estadunidenses a associação de críticos de moda entre aquela proposta e o bronzeamento nas lajes do Brasil.

Entre outros destaques da temporada, rendas, estampas florais e amarrações também despontaram, dominando a performance de Magalii Aravena, enquanto a Baes & Bikinis lançou luz sobre o handmade – entre crochê, renda e recortes – e as australianas VDM The Label e TJ Swim lançaram mão de cores primárias e combinaram recortes ousados a modelagens clássicas. Tons terrosos, rosé e babados garantiram o romantismo da fashion week na performance da Montce Swim. Animal print e tons intensos (rosa, laranja, amarelo e azul royal) vieram à tona, além da associação entre tops e saias, sugestão ideal para composições casuais durante as estações mais quentes.

Na esteira das associações entre as passarelas dos Estados Unidos e o Brasil, o selo Carmens Steffens estreou no Miami Swim Week com protagonismo de listras, fluidez e cintura marcada. E uma polêmica ganhou força em meio às tendências de moda: a estilista brasileira Silvia Ulson foi acusada de plagiar a marca Bfyne, do designer de origem nigeriana Buki Ade. Em carta ao Fashion Week Online, Ulson declarou ter sido enganada: “Eu paguei pelas estampas em questão (...)  É possível que outros tenham sido enganados também”, ela explicou. A repercussão negativa se estendeu para além do plágio: espectadores classificaram a performance como elitista e apontaram o uso de elementos indígenas como apropriação cultural. “A personagem da vez é a designer brasileira Silvia Ulson, a moça consegue ser duplamente infeliz, primeiro ao utilizar o cocar indígena como mero enfeite de cabeça e segundo copiou descaradamente o trabalho do estilista nigeriano-americano Buki Ade, não teve nem o trabalho de mudar o padrão das estampas”, criticou uma internauta.